quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Convite

Venha. Aproxime-se. Quero lhe apresentar uma pessoa especial. Vive sempre o presente e considera que o amanhã é uma luz que se aproxima sem pressa. Sua consciência de nada lhe acusa, pois sabe que a razão é movida pelo confronto e pelo preconceito. Tem, em si mesmo, a certeza da continuidade de seu eu, independentemente do próprio sensório. Confia na Vida que cria a vida e na certeza de sua própria relevância no Universo. Ama, sabe amar e exala amor a todo momento. Descobre, a todo instante, o sentido de sua existência, dando significado ao que se defronta, fazendo fluir a vida no ritmo do Criador. É, de fato, uma personalidade ótima, sempre disponível ao contato, ao encontro e ao compartilhamento de sentimentos. Usufrua de sua adorável companhia. Conheço-a porque te conheço. Essa pessoa mora em você mesmo, mas teima em não se mostrar.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Caminho da Vida

O caminho da vida é o coração. Ele é como um grande porto num imenso oceano navegável. Por ele passam todas as lutas e experiências da alma. Navegantes de todos os mares sabem de sua grandiosidade e do quanto se valem de suas poderosas amarras para se sentirem pertencentes, isto é, vinculados a algo transcendente. O caminho da vida é o amor que acontece no coração, lugar íntimo dos encontros profundos. É nele onde se encontram os gritos e os sussurros dos que se escondem do tempo de viver. É em seu seio nutridor que as dores e as alegrias encontram formas de expressão. Os heróis se valem dele para adquirir coragem para as maiores batalhas. Suas forças são alimentadas pela energia que perpassa em suas vias amorosas. O sentido e o significado da vida são decifrados por aqueles que têm coragem de viver seus mais profundos sentimentos, a serviço da vida. Não há como fugir ou alienar-se do próprio coração. Deus fez a razão para que o ser humano entenda o que se passa em seu coração. É também nele que o Espírito se revela a si mesmo e ao mundo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Angústia da Alma

Angústia é o sintoma para indicar que o coração quer falar, mas não há linguagem capaz de traduzi-lo. É um peso que a alma sente e que necessita ser aliviada. É a dor de existir sem conseguir suportar a falta de algo indefinido e que lhe complete a ânsia da vida em querer se expressar. É doença que sufoca o peito, sugando-lhe a energia de viver e de agir de forma livre e autodeterminada. Compara-se a uma saudade de alguém que muito se ama e que já não se consegue mais aguentar. Sua cura se torna possível na conexão que se alcança com o divino, que a tudo permeia e que tudo completa, possibilitando um encontro doce e misterioso com o Criador. Só, de fato, o amor é capaz de resolver a angústia da alma, elevando-a ao máximo sentimento alcançável pelo ser humano. Amar; amar sempre e nunca deixar que nada possa impedir sua expressão. Quando o amor está presente no coração humano, nada pode ser condenável ou discriminado. O amor é a força propulsora do Universo. Amemos sempre.

domingo, 21 de novembro de 2010

A outra margem

Todos querem ir a outra margem do rio. Ultrapassar obstáculos, desbravar fronteiras, conhecer o desconhecido, extrapolar limites, cometer alguma hybris. Essa é a razão do progresso, pois nasce do desejo de sair da condição meramente humana e transcender ao divino. Todos devem quer ir adiante, alcançando as fronteiras do conhecimento, não se contentando com o óbvio ou o que acomoda a mente. Alçar vôo na direção do que foi proibido ao humano, do que não lhe foi permitido por Deus, paradoxalmente, deve ser desejo de todos. Limites psíquicos são convites ao crescimento. Quem pensou num paraíso, com regras previamente estabelecidas para que o humano ali habitasse indefinidamente, esqueceu-se da inteligência e amorosidade do Criador, pois, ele mesmo, proporcionou o surgimento dos opostos para incitar o humano a integrá-los. Todo mar deve ser desbravado, toda dor deve ser eliminada, todo espaço deve ser conquistado, todo horizonte dever ser ultrapassado, toda a ignorância deve ser vencida, toda a vida deve ser vivida com amor. Na outra margem haverá sempre o oposto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quero uma Religião

Quero uma religião que não me proíba, mas que me eduque; que não me incrimine, mas que me ofereça soluções; que não me reprima, mas que me ensine a encontrar melhores formas de expressão; que não me condene, mas que ofereça um adequado senso de justiça; que não me inferiorize, mas que me aproxime do Criador da Vida. Quero uma religião que me deixe sorrir nas manhãs de domingo, permitindo que minha prece seja o olhar para a natureza. Quero uma religião que, nos dias mais escuros do meu viver, dela não me lembre quando sentir medo e nela não me abrigue feito criança em consolações pueris. Quero uma religião que me incentive a oferecer rosas aos doentes e a levar alegria aos enterros, e a só chorar quando souber que a dor foi compreendida e que o morto vive e está bem. Quero uma religião que me oriente a reverenciar a inocência e a aplaudir de pé os que respeitam a sabedoria dos mais velhos. Quero uma religião que possa encontrá-la com quem estiver, por onde for, também no coração dos que ferem e gritam achando ter razão. Quero uma religião que abrigue aqueles que se arriscam em viver e abençoe os que se perdem nos labirintos escuros da própria ignorância. Quero uma religião que possa senti-la na compaixão, seja com a abundância dos perdulários ou com a miséria dos aparentemente incapazes, sem que me falte a necessária solidariedade. Quero uma religião que me faça sentir irmão de quem me contraria ou me rouba a esperança, também dos que me reverenciam inocentemente. Quero uma religião que retire a venda de minha cegueira, sem me tirar a ignorância completa, educando-me para a continuidade do aprendizado. Quero uma religião que não exclua nem estigmatize nenhuma criatura, nem crie castas de eleitos ou de salvos pela adoção de princípios lógicos. Quero uma religião cujo cântico e cuja liturgia incluam a voz da alma e o pulsar dos corações, para que um dia, quando não mais precisar de nada, eu encontre a mim mesmo.

sábado, 30 de outubro de 2010

Mito e Psiquê

O mito é uma construção psíquica favorável à manutenção do equilíbrio da consciência. Sem ele, o ser humano estaria à mercê dos perigos de seu próprio inconsciente. Ele é forjado automaticamente para a manutenção da relação entre a consciência e o inconsciente. Os primeiros mitos que apareceram na consciência foram palavras ou expressões verbais, que depois foram transformadas em sinais. Posteriormente surgiram os mitos cosmogônicos e os que tentavam explicar o comportamento humano. Entre todos os mitos, os que representavam aspectos religiosos da psiquê humana são de fato os forjadores das religiões coletivas. Muitos ainda permanecem vivos, e outros foram dissolvidos pela compreensão adequada de seus significados. Mitos nascem e morrem cotidianamente. Suas raízes se encontram no mistério, na complexidade e nas profundezas do psiquismo humano. Alguns dogmas religiosos apontam diretamente para eles. São indecifráveis como o é a natureza de Deus.

sábado, 16 de outubro de 2010

Jornada

O ser humano é o mesmo espírito que vem, há milênios, buscando se encontrar. Seu olhar ainda não é completo. Seu instrumento para isso, o ego, ainda não está totalmente maduro. Muitos fatores interferem em sua percepção. Ele ainda não aprendeu que não precisa ver tudo, mas apenas o essencial. Deve entender que, para conhecer as coisas, é preciso dar a volta sobre si mesmo, olhando para seu próprio mundo interior. Não percebe, em sua momentânea cegueira, que Deus se escondeu em seu inconsciente. Acumula muita coisa no seu egoísmo e orgulho em excesso. Chegará um tempo em que estará pronto para encontrar e perceber a divindade. Um dia, quando liberto de seus próprios medos e preconceitos, tecidos pela ignorância em relação ao divino e a si mesmo, alcançará a liberdade de pensar uma Religião Pessoal. O caminho será longo, mas extremamente valioso para si mesmo. Quando então iniciar seu processo de vivência da Religião Pessoal, sofrerá reveses por conta das próprias armadilhas que criou, medroso de se perder nos labirintos complexos de sua psiquê religiosa. E os reveses acontecerão por conta, principalmente, do desejo infantil de salvar-se de algo que idealizou como sendo uma tragédia. Inconscientemente acredita que um grande perigo o ameaça e que o levará a ser banido eternamente. Teme o que ele próprio construiu. Sua mente ainda está estruturada na dialética bem x mal. Teme o abandono divino, qual criança apegada à mãe, temendo perder-se dela.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eleições

Realmente o dia de votar é uma grande festa. Festa da Democracia e da oportunidade de fazer escolhas, mesmo que sejam no escuro. Vota-se, mas não se sabe do desempenho futuro dos candidatos escolhidos. Promessas, expectativas e competição são a tônica de todo o período que antecede o pleito. Tudo em nome da condução política do país. Mesmo que ocorram abusos, irregularidades e injustiças, as eleições acabam por nivelar o povo. O voto do mais rico tem o mesmo peso do voto do mais pobre. A igualdade é incontestável. Isto representa o direito de escolha e de manifestação da liberdade. Espiritualmente vê-se o livre-arbítrio e a consciência de que participa-se do destino coletivo. Ainda não temos um sistema que escolha os governantes e administradores da coisa pública que coloque os melhores e mais capazes de dirigir a sociedade em favor de todos. Isso ocorrerá na medida em que cada cidadão pense e queira o melhor para todos. Em última análise, quando o egoísmo ceder lugar para o amor. O amor é a força propulsora do Universo e sentimento mais profundo que há na alma humana.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Descoberta

Gosto quando descubro que não tenho controle sobre algo, quando constato que não domino determinado assunto, quando percebo que não determino sobre meus sentimentos, quando reconheço que meus argumentos não são tão consistentes como pensava, quando sinto desconforto perante alguém ou em algum lugar, quando algo se opõe categoricamente contra mim, quando atesto minha inferioridade diante de alguém, quando assumo que minha inteligência não alcança alguma ideia, quando me sinto impotente diante da doença, quando me faltam forças para vencer um obstáculo, quando sou preterido sendo o mais apto, quando tudo parece conspirar contra mim, quando me vejo em completa inadequação, quando me recolho ante o inevitável, quando minha liberdade é cerceada, quando me roubam a ideia, quando perco em competição, quando meus limites me impedem de vencer, e, principalmente, quando minha enorme sombra aparece. Gosto porque posso dizer em alto e bom som: sou um ser humano e tenho todas as possibilidades de superação, resiliência e autodeterminação.

domingo, 12 de setembro de 2010

Corpo, Mente e Espírito

Todo médico, consciente de seus conhecimentos e sem sectarismo científico, compreende que há limites para o campo da medicina. O corpo, sujeito da ação prática do saber médico, se apresenta como um todo, no qual circulam energias a serviço da mente que o controla e dele recebe estímulos diversos. Por si só, seu funcionamento não explica o fenômeno da vida consciente, muito menos todas as capacidades intelectivas e emocionais do ser humano. A medicina já se queda diante das chamadas Terapias Complementares, dentre elas, o Passe, a Oração intercessora em favor da cura. Pode se notar a grande influência que questões espirituais têm na classe médica pela grande quantidade de espíritas entre eles. Aos poucos o espiritual vai se impondo ao material no seio da nobre profissão. Depoimentos de diversos médicos, independentemente de suas crenças, relatam fenômenos mediúnicos que ocorrem nos hospitais, sobretudo em pacientes terminais e em Centros Cirúrgicos. Já não bastam as medicações prescritas nem as recomendações de se adotar uma vida moderada no tratamento das doenças, pois existem processos gerados na intimidade do Espírito, cuja morbidade exige uma ação mais profunda, com utilização de outros métodos mais adequados. As recomendações médicas têm ultrapassado os limites do convencional. É hora de admitirmos, ao menos à própria consciência, que não se trata mais de uma questão religiosa, nem de fé, mas de lógica e de avanço do saber humano.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Forças Superiores

Um contato com as forças superiores do Universo, com o que existe de mais misterioso, por detrás de tudo que a consciência humana já foi capaz de conceber, com o grande enigma, com o mais oculto do oculto ou com o que considera ser Deus, deve levar o ser humano a uma espécie de êxtase que se assemelha a um surto que beira a psicose. Tudo aprece indicar que, no êxtase dos místicos, considerado como a mais profunda conexão com o divino, inicia-se pela entrada em contato com o próprio inconsciente. Experimentar aquele real contato é para poucos; é para os que se arriscam em viver sua mais audaciosa viagem interior, desconectando-se do ego e das circunstâncias materiais, sem sair do mundo. Depois desse contato, sendo breve ou longo, de minutos, de dias, de meses ou de anos, decorre um período de intensa criatividade que, em geral, se demora por muito tempo. Alguns tentam sentir ou viver aquele contato por vias artificiais, muitas vezes sem a estrutura necessária para suportar o encontro com seu próprio inconsciente, utilizando-se de entorpecentes sem os devidos cuidados, arriscando-se desregradamente a se perderem no próprio inconsciente ou vítima de obsessões espirituais perigosas. Talvez devêssemos experimentar, escutando a própria alma com o coração e com o mais profundo amor à vida, às pessoas e a si mesmo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Espiritualidade maior

A maior espiritualidade que se pode apresentar é aquela que se reflete na forma de sentimentos e de ações em favor da consciência de si mesmo, como um ser autodeterminado. Isso implica num domínio dos próprios potenciais interiores para viver a complexidade da vida em prol de si mesmo, do próximo e para a construção de uma sociedade harmônica. Aqueles potenciais contemplam o desenvolvimento da autopercepção da imortalidade pessoal, bem como da natural intercomunicação entre os espíritos de diferentes dimensões. Onde é aplicada a sua espiritualidade? Apenas na instituição religiosa? Nas horas de aflição? Nas orações petitórias à Deus? Ou é aplicada como lastro essencial e constante dos pensamentos e motivações que alicerçam o viver, ou então será retórica para calar temporariamente as dores da alma, sem erradicá-las definitivamente. Nossa espiritualidade deve ser o ar que respiramos, formando uma psicosfera de amor, de luz e de paz que exalam no Universo. A vivência dessa espiritualidade deve começar dentro de si e, principalmente, no ambiente doméstico.

domingo, 1 de agosto de 2010

Células Tronco

O uso de células embrionárias humanas, entendidas como células matrizes, passíveis de serem diferenciadas, tem sido cada vez mais comum, bem como largamente estudadas para fins terapêuticos. Pelas leis brasileiras, as células podem ser obtidas de embriões humanos inviáveis ou congelados a mais de três anos, com consentimento dos pais. Esses estudos permitirão o tratamento, com grande chance de cura, de várias doenças e de anomalias orgânicas. Não demorará muito, como de fato já vem acontecendo, a Natureza tenderá a diversificar seus métodos de educação ao espírito, isto é, sem doenças, sem sofrimento e sem estigmas orgânicos. O ser humano, cada vez mais maduro, responsável e evoluído, manipula a matéria a serviço da Vida e da realização de sua natureza essencial. Um dia, com sabedoria, será capaz de programar completamente um corpo humano, escolhendo suas principais características, a serviço do aprimoramento do espírito, como fazem aqueles mais evoluídos, desencarnados, planejadores de encarnações especiais. Gradativamente o conhecimento já adquirido no Mundo Espiritual se transfere para a Terra, por via de uma Ciência aplicada a serviço da vida e do bem estar humano.

sábado, 17 de julho de 2010

Designação Pessoal e Individuação

C. J. Jung estabeleceu o conceito de Individuação como processo de síntese ou de realização do Si-mesmo, isto é, tornar-se o ser único que se é. Isso implica num esforço de encontrar sua própria singularidade. A designação pessoal é a propriedade de si mesmo, compreendendo o que se é e para que existe. É o encontro com sua natureza e para que ela deve acontecer no mundo. Não se trata de descobrir uma missão pessoal, nem, tampouco fazer coisas ou realizar projetos para deixar sua marca no mundo, mas uma integração de sua essência à própria Consciência. Ao entender estes dois processos, captando o que significam e de que ideia se originaram, pode-se pensar que o espírito imortal vive para encontrar essa possibilidade de compreender-se, muito além de sua vida de relações, porém necessitando dela. O processo de viver e desenvolver-se de forma transcendente não é apenas uma experiência mística, mas uma atividade que também ocorre nas atividades do cotidiano da vida. A Designação Pessoal é a meta do ser humano realizado e feliz, que encontrou sua singularidade. É evidente que as religiões, com seus princípios norteadores do comportamento humano, bem como com sua práticas místicas, não têm sido eficientes. Falta-lhes a consideração da condição simultaneamente humana e divina de cada pessoa.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Autotransformação Física

O espírito tem dois caminhos para dar continuidade a sua evolução utilizando-se do corpo físico: aperfeiçoar artificialmente o corpo ou mudar de planeta, onde possa encontrar condições de plasmar um corpo mais adequado as suas necessidades de evolução. Esse será um desafio para seu futuro. Um corpo cyborg, com parte humana e parte sintética, será uma saída, porém desfigurará o caráter orgânico, tipicamente humano e natural. Mas, não seria esse a via natural ao espírito? Forjar as naturais circunstâncias, criando algo oriundo de sua inteligência, não tem sido sua labuta no planeta? Sim, pois para os espíritos que aqui ficarem, já que os que evoluírem mais irão migrar para outros orbes, herdarão corpos trabalhados ciberneticamente, para atender ao progresso inevitável. Será interessante assistir à geração daqueles corpos. Talvez veríamos corpos com chips orgânicos de memória implantados na altura da orelha; óculos tridimensionais de uso obrigatório para visão ampliada; capacetes especiais para ampliação das funções da glândula pineal e que também permitam comunicações mediúnicas; pele alterada quimicamente, pela administração instantânea de substâncias artificialmente preparadas que impeçam a recepção de raios ultravioletas e outros agentes nocivos ao organismo; entre outros produtos agregados ao corpo e que satisfaçam às novas necessidades de adaptação. Quem aqui ficar verá.

sábado, 26 de junho de 2010

Quem ou o que de fato sou

Por mais que queira responder-me, com precisão, quem ou o que de fato sou, esbarro na própria ignorância a respeito de como começaria a resposta. Limito-me também por palavras que não conseguem expressar a natureza íntima de meu ser. Sou o que? Centelha Divina? Alma? Espírito? Que significam essas palavras? Pobre linguagem ou pobre ser que sequer sabe definir-se a si mesmo? Talvez haja uma saída para esse impasse. Enquanto não consigo me definir, não recorrerei a nenhum compêndio ou manual acessório. Tentarei descobrir-me a mim mesmo, definindo-me simplesmente como algo que adquiriu a propriedade de sua ignorância e que vai fazendo o que lhe é possível, sem temer, submeter-se ou retroceder jamais. Dizer-me espírito imortal, a essa altura da vida, é afirmar o óbvio. Vou mais adiante, dizendo-me uma incógnita indo na direção de algo incognoscível. No caminho, encontro outros, aparentemente tão perdidos quanto eu mesmo, mas que me permitem a fruição de experimentar o amor. Quando isso ocorre, me acho, me encontro e me movo na direção de Deus.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um olhar acima

Ergue a fronte, vê mais além, contempla acima do horizonte de tuas idéias, então, certamente, algo te convidará para centrar-te na força do Espírito que és. Não te detenhas na inércia, nem no pensamento da inferioridade, pois tudo foi feito para que tu existas e atues. Não te penses um nada nem te vejas como incapaz. Toda a beleza, toda a maravilha e extensão do Universo é fruto da capacidade de tua mente em perscrutar o trabalho do Criador. Ele te fez para que fosse por ti percebido, sentido e tu te tornasse sua máxima representação. Nunca penses que já alcançou teu limite de percepção da vida e do Universo. Ele, o Universo, sempre será mais do que tu sejas capaz de concebê-lo. Por algum momento, que nunca seja o único, permita-te não aceitar tuas próprias limitações de compreensão, nem te admitas imperfeito ou finito, sinta-te o proprietário de ti mesmo e do que és capaz de conceber. Nesse momento, imagina-te o criador do que tu és e do que serás dali em diante. Para te colocares nessa condição, estejas sozinho, num lugar que não te lembres de nada à sua volta, em cujo momento presente vais exalar o amor de que és capaz de sentir pela Vida. Olha sempre acima.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mundial de Futebol

Mesmo com uma cartolagem sem transparência, com calendários conflitantes e com exploração dos direitos profissionais dos atletas, o futebol é um fenômeno mundial que atrai pessoas dos mais diversos níveis socioeconômicos e de diferentes culturas. Agrega, une, confraterniza os povos, elimina fronteiras e amplia a percepção da igualdade humana. Certamente, eventos como o Campeonato Mundial de Futebol, obedecem uma programação divina para evolução do espírito na Terra. É um jogo, e como tal, busca-se vencer o adversário, driblar, enganar, superar o outro. Mesmo assim, o mais importante é participar de forma ética, limpa e elegante. Se todos os esportes adotarem os mesmos princípios daquele campeonato, teríamos mais eventos para alcançar os objetivos do Criador da Vida. Mais do que isso, quando o ser humano (nós mesmos) adotar em sua vida um jogo limpo, uma ética superior e a elegância da harmonia, será o grande artífice da paz interior e de sua própria felicidade.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mente e Espírito

É comum no meio espírita relacionar-se perispírito exclusivamente com energia. Herda-se ou se dá continuidade a uma época em que espiritual é o mesmo que energia, ou se tem a percepção de que o espiritual deve ser entendido como energético, não-material ou semi-material. Estudos foram feitos, revelações espirituais foram trazidas e experiências foram concretizadas, tudo na direção daquela percepção enviesada. A visão que se tem do perispírito é exclusivamente energética e que se trata de um organismo que interfere no corpo físico, transmitindo-lhe características morfológicas. Porém, esse viés precisa ser visto como estático e empobrecedor das funções perispirituais. É claro que o perispírito é energético e contribui para a formação e manutenção do corpo físico. Porém, devemos caminhar na direção do estudo de outras funções do que se interpõem entre o Espírito e o corpo físico. Funções mentais, psicológicas e relativas à memória devem ser consideradas, pois o inconsciente armazena o resultante das experiências humanas no formato de imagens. É no perispírito que se localiza a mente, o aparelho psíquico e tudo aquilo que diz respeito à memória do Espírito. O psiquismo localiza-se no perispírito, razão pela qual, as doenças não se situam no Espírito, permanecendo neste os paradigmas das leis de Deus.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Fala do Coração

Quem escuta com a alma tem o hábito de falar com o coração. A escuta da alma é a que se conecta com a freqüência da necessidade espiritual do outro. Significa a capacidade de escutar a alma do outro, sem a ela se impor ou querer demonstrar maior conhecimento ou algum tipo de superioridade. A escuta é o lugar do aprendiz. Aquele que já sabe, e que de fato é sábio, escuta e devolve com o coração, isto é, com o Eros da vida. Na dimensão espiritual, matriz da material, em geral, os espíritos mais esclarecidos falam com o coração, buscando o aprimoramento na educação das próprias emoções. A fala do coração é a amorosidade, típica daqueles que descobriram o quanto é bom e traz paz de espírito, que visa o estabelecimento de conexões de espiritualidade superior com o outro. Escutar com a alma e falar com o coração são passos para se alcançar o que se entende como “Amar a Deus”. Muito dizem amar a Deus, mas ainda não conseguem ouvir o clamor das mentes em desalinho, solicitando uma escuta amorosa. Falam sobre Deus, elogiam a Deus, temem a Deus, porém, ainda não conseguem escutar a alma de seu irmão.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Criatividade

Sempre haverá uma dúvida sobre qualquer certeza. A necessidade do novo sobrepõe-se a toda estagnação. Talvez por isso se explique a criatividade humana. Nada pode obstaculizar o transcendente e o surgimento do que é diferente. O que é igual é morto, portanto inexiste. Ser e fazer diferente é uma motivação para a alma. A consciência de que a força criativa, que brota do interior de cada ser humano, de fato é o que gera o destino, permitiria resoluções profundamente realizadoras na vida. A realidade, externa ao ser humano, representa parcialmente seu mundo interno. O externo é por ele plasmado, e, portanto, a qualquer tempo, poderá ser construído de forma diferente do que sua consciência admite, graças a sua força criativa associada ao Plano Divino. Este último promove alterações também cada vez mais criativas. Tudo que é futuro é melhor que o presente, graças à surpreendente criatividade divina. A sintonia com essa criatividade garante-nos a paz e a harmonia interior.

domingo, 16 de maio de 2010

Tempo

Fiquei um tempo sem postar algo no Blog. Tempo necessário para atender a apelos internos. Reflexões a serem feitas e decisões a serem tomadas. Foi um tempo psicológico, com repercussões no tempo dito real. Tempo em que, pensamentos, ideias e emoções se transformam em construções do Espírito, que marcam para sempre. Ele, o Espírito, é senhor do tempo, temporariamente submetido ao seu ritmo, em face de sua incipiência. É sempre tempo de criar e recriar; de dizer sim e de dizer não para si mesmo; de olhar e não ver, mas de enxergar e despertar; é tempo do nós e do eu; é tempo de ter tempo para a espiritualidade. Os sem-tempo se perdem, pois desconhecem o prazer de sentir, de amar, enfim, de viver. Perder tempo é fugir do sentir. Querer o tempo que passou é não perceber que se é, e sempre se será, dono de todo o tempo. Mais do que isso, muito importante é preencher o tempo psicológico com as coisas que aquecem a alma e impulsionam o Espírito para o encontro com sua máxima razão de existir. Detenhamos a ociosidade que se transforma em falta de sentido.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Psiquismo

A alma humana tem conflitos, questionamentos e aspirações. Aceitar que a vida continua após a morte ou mesmo ter militância espírita, não são suficientes para resolver isso. É certo que a consciência da imortalidade da alma descortina novos horizontes e aquieta a mente, oferecendo as respostas aos grandes enigmas humanos, principalmente sobre suas origens; porém, aquela consciência não lhe resolve o dia-a-dia, principalmente todos os questionamentos e conflitos que dizem respeito aos seus sentimentos e aos seus relacionamentos. O problema humano não é apenas racional, mas, principalmente, emocional. O racionalismo, com seu subproduto, a lógica, domina o campo da consciência deixando pouquíssimo espaço para a vivência das emoções. A memória, atributo estrutural da mente, retém, quase que exclusivamente, o que foi vivido emocionalmente, isto é, aquilo que é carregado de afeto. Cuidar, educar e harmonizar a vida emocional é fator de desenvolvimento da personalidade, portanto, do espírito. Razão pela qual, os conhecimentos da Psicologia, sobretudo o que diz respeito à dinâmica psíquica devem ser estudados nos Centros Espíritas. C. G. Jung fez importantes considerações à respeito.

sábado, 24 de abril de 2010

Novos Horizontes

O Espiritismo é um conhecimento descortinador de novas possibilidades de compreensão da vida. Suas afirmações devem ser tomadas como ponto de partida para uma nova perspectiva do ego para a percepção da mente humana e do Universo com o qual contracena. Trata-se de uma chave, de um talismã, de um disparador da nova etapa da evolução do espírito. A integração de seu saber atualiza o espírito e o coloca em novo degrau de sua evolução. Quando não é apreendido, deixa o espírito com uma visão limitada de vida e do Universo. Dá-se como aquele que, mesmo sabendo que a Terra está submetida ao sistema heliocêntrico, vive considerando-a centro do Universo. Mais do que isso, a não aquisição da consciência de que se é um espírito imortal, condiciona-o a que se submeta a sofrimentos e contingências plenamente dispensáveis. O sofrimento, num certo sentido, é opção, cujos critérios de escolha dependem da aquisição de princípios espirituais que capacitam o espírito a uma compreensão maior a respeito da natureza de Deus. Mesmo que ninguém esteja livre de atravessar provas, no decorrer da evolução, todos estão livres para escolher as expiações que considere merecer.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Chama Acesa

A grande exposição que o Espiritismo está tendo, graças ao médium Chico Xavier, promove uma maior responsabilidade para nós espíritas. De um lado, o dever de corresponder, na medida do possível, a sua forma amorosa de viver, característica do querido médium mineiro; do outro, continuar colocando o Espiritismo no velador, para que prossiga iluminando consciências, isto é, mantendo a chama acesa. Dissensões, querelas improdutivas e preferências que promovem exclusões devem dar lugar à autoconsciência de expressar sua própria compreensão a respeito do Espiritismo, assumindo-se as conseqüências pertinentes. Todo o Brasil espírita comemora o aniversário de natalício dele, o que denota a unanimidade na aprovação de sua obra e de sua pratica espírita. Isso não implica que devamos excluir outros que pugnam pela divulgação do Espiritismo, trazendo-nos obras de expressivo valor. Contestações, comparações e anátemas só dividem, aumentando o abismo naturalmente construído pelo nosso ainda primário nível de evolução. Cada espírito espírita, ao se deparar com o fenômeno Chico Xavier, pois ele mesmo era o grande pólo de atração espiritual, deve fazer sua parte, de sua forma, de seu jeito e com a sua natureza. Essa é a individuação: tornar-se o que se é, assumindo sua natureza essencial.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Saudade

Sinto saudades... De uma pessoa que não sei quem é, mas sei que ela existe, que também está conectada a mim e que, talvez, onde esteja, também anseia por encontrar-me. Sinto saudade de um lugar, em algum lugar, onde meu coração viveu plenas alegrias e gozou de imensa felicidade. Um lugar onde o bem prosperou e o amor fez sua morada. Sinto uma saudade imensa de passear livremente, sem tempo, sem pressa e sem obrigações para com o corpo. Mesmo me sentindo pertencente, daqui não sou, nem me limito a lugar algum. Mesmo prisioneiro do corpo, sei da possibilidade de romper com seus limites e de me lançar para além de mim mesmo, em comunhão com o que me criou. Minha saudade é minha certeza do além de mim e da consciência da eternidade em tudo. Sinto saudades... De uma luz que me guia e me oferece a suave e doce presença da divindade que a tudo permeia. Uma presença que se traduz em certeza, segurança e harmonia. Minha saudade é a companheira a me consolar nas perdas, pois me sinaliza a fugacidade do momento presente, projetando-me para o futuro e para o supra-arquetípico. Satisfazê-la totalmente é como perder o gosto bom da transcendência da vida.

domingo, 4 de abril de 2010

Ascensão

Olha à tua volta. Que vês? Um Universo de cores, de cheiros, de sons, de sabores e de uma grande multiplicidade de coisas. Mas, eis que, em dado momento, perceberás por vias transcendentes, que existe algo mais do que teus sentidos apontam. Verás pessoas, sentimentos e, principalmente, a vida, em tudo que te rodeia. Porém, um dia, sentirás que, além de tudo isso, existe um mundo novo, imponderável e, à primeira vista, inacessível. Tal realidade é seu mundo interior, isto é, tua essência. Quando o enxergares de fato, acordarás. Constatarás que o mundo externo é o sonho dos sentidos e o mundo interno, o grande campo de trabalho do Espírito. É nesse último que vive Deus. Teu olhar para esse novo e maravilhoso mundo interior deverá ser feito com as lentes da autodeterminação, da amorosidade e da autoconsciência divina. Muito embora o trabalho do Espírito, para chegar à plenitude, seja longo, árduo e persistente, tudo começará na atitude simples e humilde da caridade sincera e despretensiosa de um sorriso. O inexorável tempo, o suceder das horas e a interminável quantidade de dias, nada contêm nem bastam, se comparadas ao que se deve construir na intimidade do ser, em matéria de amor a ser manifestado nas experiências cotidianas, no instante de um segundo. O amor é a força propulsora do Universo.

sábado, 27 de março de 2010

A luz de Chico

Quando um espírito de luz passa pela Terra, isto é, resolve reencarnar, atrai para si, por força da mensagem que é portador, os olhares de todos que estejam sintonizados com o amor. Assim se deu com o fenômeno Chico Xavier, cuja vida dedicada ao próximo, à popularização do Espiritismo e ao mandato mediúnico, deu-lhe notoriedade, em que pese sua conhecida humildade. Livros, amigos, Centros Espíritas, Obras Assistenciais e, agora, filmes, surgiram pela força de seu exemplo, de sua seriedade e comprometimento com uma causa. Disciplinado, sério (sem ser sisudo), carinhoso, eram traços marcantes de sua personalidade. Depois de Allan Kardec, e à sua semelhança, foi o farol do Espiritismo, permitindo que espíritos falassem, escrevessem e se manifestassem para a disseminação da realidade espiritual. Cem anos se passaram desde seu nascimento, quase oito anos depois de sua desencarnação, estréiam vários filmes baseados em obras por ele psicografadas e documentários sobre sua grandiosa vida. Sem dúvida alguma, sua mediunidade, aliada ao seu sentimento de solidariedade a todos que o procuravam, e, tendo como base o Evangelho de Jesus, formaram a tríade de sua vida vitoriosa. Ave Chico! Os que se beneficiaram com sua passagem pela Terra, te saúdam e te agradecem pela sua luz, para sempre.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Evangelismo

Percebo o quão de transcendência está contido nas parábolas de Jesus. Recebi, de um grande e espiritualizado amigo, em dois volumes, comentários de Yogananda, distribuídos em 1642 páginas, sobre as parábolas de Jesus. O título dos livros é "The Second Coming of Christ (A segunda vinda de Jesus) e "The Resurrection of the Christ Within You" (A ressurreição do Cristo dentro de você). Um trabalho robusto e que merece ser entendido como um tributo ao Evangelho. De fato, ali, nas parábolas de Jesus, está algo extraordinário e profundo, a ser melhor estudado pelos ocidentais e orientais. Não creio que também não haja profundidade e transcendência em outros escritos (Torá, Alcorão, Livro dos Mórmons etc.). Os sinais que revelam a essência do Criador não têm proprietários. Aqueles trabalhos vindos de um yogue de incontestável espiritualidade demonstram a magnitude dos ensinamentos do Evangelho. Porém, tamanha luminosidade pode cegar os mais desavisados. Essa claridade, quando em contato com mentes frágeis, promove um processo de conversão e de alienação do ego, que assume, por identificação com o Self, uma postura de poder, inflado no complexo de deus. O excesso, em qualquer atitude consciente, requer um adicional de energia para ser liberado ou expurgado. E isso precisa ser bem assimilado para evitar-se alienação, fanatismo ou fundamentalismo. Quando Allan Kardec escreveu o livro que continha explicações das parábolas de Cristo, deu-lhe o nome de "Imitação do Evangelho". Sob orientação permanente dos Espíritos, alterou, prudentemente, para “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, construindo a obra para explicar, à luz do Espiritismo, aquelas luzes. Assim deveria ser. Porém, parece, por força da intensidade daquelas luzes, que está havendo uma inversão. Toma-se a parte pelo todo. O evangelismo parece querer se sobrepor ao Espiritismo.

domingo, 14 de março de 2010

Estigmas e identidade do espírito

A identificação do(s) estigma(s) de uma pessoa proporciona uma aproximação do ego com o Si-mesmo. Em termos espirituais, isto significa uma maior possibilidade da aquisição da consciência de que se é um espírito e de qual é a sua singularidade. Quando me refiro a estigma, não quero considerá-la como a palavra ficou marcada, isto é, como a marca a ferro imposta ao escravo, ou como uma chaga, portanto, uma característica negativa, explícita, punitiva ou educativa; mas como uma contingência sob a qual o indivíduo é situado momentaneamente ou durante sua vida, independentemente de sua vontade consciente. Sua identificação como um estigma requer a percepção de totalidade sobre a vida da pessoa em questão, que englobe o inconsciente, a consciência e o meio social, configurando-se uma gestalt. Sua identificação não implica que seja aceita pela pessoa ou que represente algo relevante para ela. É apenas um enquadre terapêutico oportuno à percepção do inconsciente e como ocorre a relação com a consciência. A identificação do estigma oferece uma pista, uma luz, um caminho para o entendimento do mistério da identidade do próprio indivíduo, do espírito em si.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Os mortos não voltam; só os vivos retornam

A morte do corpo sela o fim de um personagem, isto é, de uma pessoa que construiu uma história que não retornará jamais. O que ficará na memória do espírito somente será acessível randomicamente, sem os componentes das percepções dos outros. Aos poucos, com a repetição de experiências, reterá o que contribui para a construção de paradigmas balizadores da evolução. O que viveu, como viveu e o que ansiou que acontecesse não mais poderá ser revivido. Esse é o movimento da Vida. A cada momento, tudo passa a ser melhor, diferente e extraordinário ao espírito. A morte, a cada encarnação, é um fenômeno real, pois a natureza não se repete nem permite estagnação. O retorno do espírito a uma nova existência, num novo corpo, não lhe trará de volta o que viveu, nem os mesmos personagens, mas alguns dos espíritos com quem contracenou, porém investidos de uma nova personalidade. Tudo será sempre novo, mesmo que se experimentem os “deja vu”. Pensar na morte dessa forma, deve levar à compreensão de que tudo, absolutamente tudo, inclusive a idéia que se faz de Deus, é mutável e surpreendentemente maravilhosa.

domingo, 7 de março de 2010

Expansão

Não se pode conter o avanço ou expansão da própria consciência. Há no íntimo de cada Psiquê uma marca divina que a impulsiona a ir além de seus próprios limites, na direção de algo muito mais complexo e inimaginável. Aquela imprescindível marca, quando recebe a contribuição da autodeterminação consciente do ego, leva o próprio espírito a um estágio mais elevado de percepção do universo. Para essa contribuição ocorrer é necessário: renúncia a qualquer tipo de reconhecimento externo, percepção da designação pessoal, autoconsciência da própria imortalidade, além de se tornar proprietário de si mesmo. São requisitos importantes e que devem se constituir em desafio ao espírito para que alcance as finalidades últimas da Criação. Adianta muito pouco conhecer as coisas, ter grande quantidade de informações, ter uma inteligência invulgar, se não se envolver com a própria vida, se, obstinadamente, não se sacrificar para alcançar o objetivo da autotransformação. Expandir a consciência é não se contentar com uma evolução rasteira, dentro dos limites estreitos das concepções materialistas de viver, ou enclausurada nos dogmas religiosos.

terça-feira, 2 de março de 2010

Amar

Sou um espírito livre. Quero amar as pessoas. Quero viver sem os limites impostos pelas minhas imperfeições. Quero sentir o amor, ao menos uma vez, proporcionando-me a dimensão e a importância da vontade permanente de possuí-lo. Quero amar, primeiro uma pessoa, depois, simplesmente, amar. Quero observar pela janela e sentir meu olhar correr, como numa veia corre o sangue que avança à frente, em busca do amor. Quero viver sem fronteiras, conectando-me à terra, dissolvendo-me no oceano, correndo com os ares e aquecendo como fogo, pois, como espírito imortal, sou mais do que penso e do que realizo, sempre querendo sentir o amor. Como o amor, sou a força propulsora do Universo, razão de sua existência e sentido maior da Criação. Sou a essência da vida, princípio ativo e permanente de todas as coisas, elemento conectivo dos corpos e das formas, que lhe dá razão e significado. Quero sentir o amor, sem mesmo entender suas razões e conseqüências. Quero preencher e envolver meu raciocínio, meu intelecto e minhas idéias pela onda penetrante do amor para que a vida aconteça.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Leveza

Adote a leveza. Torne-se uma pessoa menos densa. Afinal de contas você é um espírito imortal. Isso significa que você é propriedade de si mesmo. Sei que problemas existem e atingem a todos, mas sua vida é maior do que qualquer deles e do que todos reunidos. Evite dar trabalho ou exigir algo do outro. Sei que você deseja saúde, mas o mais importante é conquistar a paz de espírito. Essa, ninguém lhe tira, pois é inalienável, muito embora transferível. Aqueça sua vida com emoções que envolvam pessoas queridas, pois elas são os maiores referenciais de sua vida. Sinta-se participante da vida, influenciando os eventos, portanto, deixando sua marca pessoal. Aprimore sua fala na direção do coração do outro, tocando-o de forma precisa e suave. Mergulhe em você mesmo, considerando que o seu mundo externo é reflexo de seu interior. Você é, principalmente, o que lhe ocorre, portanto tente modificar sua visão de mundo, pois ela retroagirá sobre você e sobre sua vida. Você é um ser indestrutível, portanto, seus medos e proteções que requeira de forças superiores, pertencem à sua infância. Logo adiante, quando adquirir mais maturidade, se perceberá autodeterminado. Viva um ritmo internamente intenso e externamente suave. A Vida pede-nos equilíbrio e harmonia.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carlos Bernardo Loureiro

Posso afirmar, com absoluta certeza, que Carlos Bernardo foi o maior historiador e pesquisador do Espiritismo, que conheci. Advogado, escritor, fundou a TELMA – Teatro Espírita Leopoldo Machado, no qual aplicou seus conhecimentos práticos de Espiritismo, beneficiando milhares de pessoas com tratamentos de desobsessão. Muito querido e admirado pelo seu estilo critico, objetivo e assertivo em se colocar. Conhecia o Espiritismo como poucos, escrevendo livros e artigos, além de proferir inúmeras palestras sobre temas espíritas. Era um entusiasta, médium e esclarecedor de espíritos, e se dedicava integralmente ao Espiritismo. Foi professor e, por muitos anos trabalhou em assessoria jurídica, se destacando em tudo que fazia. Lembro de seu jeito tranqüilo de demonstrar conhecimentos, surpreendendo com informações históricas e documentos autênticos a respeito de tudo que fosse mediúnico. É dele o robusto trabalho “Os Investigadores da Alma e do Espírito – Cinco Séculos de Pesquisas”. Seu nome ficará na galeria dos maiores vultos da ciência espírita. Meus respeitos a Carlos Bernardo Loureiro.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Djalma Motta Argollo

Djalma Argollo é um grande amigo. Meu interlocutor na discussão filosófica do dia-a-dia. Quase diariamente conversamos sobre muitos temas, dentre eles sobre Espiritismo, Psicologia, Filosofia e assuntos pertinentes a administração de Centro Espírita. Espírita 24 horas, dono de extensa cultura, portador de invulgar memória e de bom coração. Dedica sua vida ao Espiritismo, sendo um dos grandes oradores que conheço. Possui ideias arejadas, com senso crítico apurado. Tornou-se terapeuta e conhecedor da Psicologia Analítica de C. G. Jung, sendo leitor assíduo de suas obras. Djalma doou os direitos autorais de sua vasta produção literária para as obras sociais da Fundação Lar Harmonia (FLH). Traduziu do francês O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, doando os direitos autorais de tradutor para a FLH. Atualmente trabalha, junto com a portuguesa Ana Catarina Caetano, na tradução de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ambos também doaram os direitos de tradutores para a FLH. Djalma fundou a AMAR - Sociedade de Estudos Espíritas, no bairro da Barra, em Salvador, que presta um excelente serviço na divulgação do Espiritismo. Sem dúvida alguma, ele reencarnou com a tarefa de impulsionar o Espiritismo, dando-lhe um caráter mais inovador, não conservador e de extrema praticidade. Sou seu admirador.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Hermínio Correa de Miranda

Estive a primeira vez com Hermínio Miranda no início dos anos oitenta, quando, em sua casa, em Botafogo, no Rio de Janeiro, me mostrou os originais de seu robusto trabalho "Eu sou Camille Desmoullins", de investigação com uso da Regressão de Memória em seu amigo Luciano dos Anjos, que ainda não fora publicado por proibição deste último. Hermínio me acolheu, um desconhecido, com muita distinção e respeito, falando sobre seus livros e estudos. Saltava aos olhos sua dedicação séria e disciplinada ao Espiritismo. Na ocasião em que nos encontramos, com reticências por parte dele, conversamos sobre alguns nomes na História, de priváveis encarnações dele próprio. Posteriormente, fora a Salvador, onde nos reencontramos, participar de um dos Congresso Espíritas bem conduzidos pela Federação Espírita do Estado da Bahia. Hermínio tem uma vasta obra bibliográfica, na qual se pode observar a seriedade de suas pesquisas, sobretudo em torno da Reencarnação. Seus livros podem, sem dúvida nenhuma, serem considerados complementares às obras de Allan Kardec. Foi ele quem me incentivou o gosto pela pesquisa e estudo desse tema.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ildefonso do Espírito Santo

Quando entrei para o Movimento Espírita Juvenil, na década de setenta, em Salvador, percebi que havia uma mente mais lúcida e mais aberta, dentre muitos que dirigiam a Federação Espírita do Estado da Bahia. Todos os jovens confiavam nele como um progressista e como alguém que buscava o novo, não sendo conservador. Médico Sanitarista, conciliador, amigo, empreendedor e entusiasmado com o Espiritismo. Sempre demonstrava que poderíamos fazer muito mais pela sociedade, utilizando-nos dos princípios espíritas. Chamo-lhe, carinhosamente, de "poeta", em face de sua tranquilidade diante da vida e de sua facilidade em lidar com o ser humano, compreensivo e amoroso. Sempre me cativou sua natural humildade, além de ímpar inteligência. Ouvia atentamente as pessoas e ponderava muito quando acreditava que estavam equivocadas. Quando meus amigos falavam a respeito dele, denominavam como sendo “um espírito evoluído”. Isto é para poucos. Lutou contra muitos preconceitos, vencendo-os com forte determinação de espírito, mostrando seu caráter nobre e sua bondade cativante. Minhas reverências também ao Dr. Ildefonso do Espírito Santo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vulcão Osorno

A saga humana é uma representação da pujança divina. O que move o humano é o desejo de se tornar divino. Adler não deixava de ter razão. Aqui, no Vulcão Osorno, sinto que o interior da Terra, que expele lava, de certa forma, revela uma das faces de Deus: a mais negada, a telúrica, a negra, a obscura e fervente. Uma erupção traz à superfície algo representativo da natureza divina que, mesmo destruindo o que encontra no caminho, transforma, propondo que o novo seja construído pelo humano. Essa face divina, desafia o humano, incomodando-o e o direcionando para o Si-Mesmo. Vendo as pedras vulcânicas, coagulação da lava expelida, pode-se perceber que o interior é sempre revelado de forma peculiar, caracterizando a natureza essencial de onde saiu. As duas grandes motivações humanas são a luta constante pela sobrevivência e o desejo de se tornar divino. A primeira, revela que a imersão na matéria exige consumo e gasto de energia. A segunda, revela que o desejo é guiado por uma designação pessoal a ser descoberta e vivida intensamente.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Elzio Ferreira de Souza

Posso afirmar com muita convicção que ele foi um dos principais responsáveis pela minha busca pelo saber espírita. Sua cultura geral e seu conhecimento de Espiritismo eram inigualáveis. Tinha o hábito de me fazer questionar sobre os mais variados temas, indicando livros onde pesquisar. Dirigiu a Livraria Vinha de Luz, da Federação Espírita do Estado da Bahia, por muitos anos, tornado-a ponto de encontro de estudiosos das mais diversas religiões, pois ali encontravam livros de todos os credos. Sua mente aberta e lúcida, contribuiu em muito para fazer a "cabeça" de muitos jovens espíritas de minha época. Foi dele que peguei o gosto pelo estudo comparado de C. G. Jung e o Espiritismo. Posso afirmar, sem dúvida alguma, que ele foi meu Mestre, sabendo que eu não estava a altura de ter sido seu aluno. Era uma pessoa de muita bondade, de forte religiosidade e de espiritualidade superior, características daqueles que alcançaram a sabedoria. Fundou um Centro, junto com amigos, conhecido com o nome de Casinha. Era um núcleo espiritual de amor e estudos espíritas. Minhas reverências ao Dr. Elzio Ferreira de Souza.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Divaldo Pereira Franco

Conheci o médium Divaldo Pereira Franco na década de setenta. Lembro o quanto sua palestra me tocou. Foi na Federação Espírita do Estado da Bahia. Sua cultura, seu entusiasmo, sua forma firme e consistente de expor o Espiritismo, influenciaram a trajetória espírita de muitos. Aos poucos fui tomando contato com sua obra e com a dimensão da importância de seu trabalho para a divulgação do Espiritismo. Mas, o que mais me impressionou foi o caráter emocional que envolve suas palestras. Ele conseguia me levar a uma dimensão afetiva e profunda, que me transportava a alma para além de minha racionalidade costumeira. Tenho viajado para vários países e vejo o quanto suas orientações, palestras e livros dão sustentação aos diversos grupos espíritas espalhados pelo planeta. Ele se tornou uma espécie de Paulo de Tarso do Espiritismo, levando-o além de todos os muros e fronteiras. Sua disposição e alegria contagiantes o tornam um ícone a iluminar consciências e libertar milhões de pessoas da ignorância espiritual. Erigiu uma obra social ímpar, em Salvador, inspirando outras tantas no mundo, sob a bandeira da caridade cristã. Seu nome está escrito nas estrelas como um dos maiores divulgadores do Espiritismo, senão o maior deles. Minha admiração pela dedicação e exemplo de vida.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Carlos Baccelli

Um certo dia, já vão muitos anos, quase trinta, fui conhecer o famoso e queridíssimo médium Chico Xavier. Sem consciência da dificuldade de acesso a ele, fui bater na porta de Carlos Baccelli, amigo e, posteriormente biógrafo e médium dele. Fui muito bem recebido. Tenho lido e gostado das obras psicografadas por Baccelli, independentemente das controvérsias que se tem alegado. Sou daqueles que gosta do novo e não me assusto com as possíveis incoerências com “verdades” estabelecidas, pois o saber se modifica a cada época e ao sabor da evolução do Espírito. Baccelli tem sido um médium de profícua produção, com uma variedade muito grande de temas, por diferentes espíritos. Além dessa vasta produção, no trato pessoal demonstra serenidade, equilíbrio e paciência para com seus críticos. Desde a primeira vez que o conheci, observei essa serenidade, cuja propriedade é inerente ao ser espiritual que ele é. Sempre que quis estudar mediunidade me vali dos conselhos de um espírito que assina Odilon Fernandes e que, por ele, escreveu vários livros. Recentemente recebi um convite dele para escrever para o Jornal da Mediunidade, por ele dirigido, cujo conteúdo retrata a liberdade de expressão que caracteriza a busca pelo conhecimento. Minhas homenagens a Carlos Baccelli.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

José Medrado

A figura e personalidade de meu amigo José Medrado sempre me causaram admiração. Sua forma arrojada e singular de tratar do Espiritismo e a seriedade com que lida e expõe sua mediunidade me são exemplo. Desde o começo de sua trajetória no Movimento Espírita demonstrou independência e determinação em se colocar, trazendo idéias modernas e arrojadas na divulgação do Espiritismo. No início dos anos noventa, escrevi um livro com mensagens que por ele foram psicografadas, que dão o testemunho da autenticidade de sua mediunidade e trouxeram consolo a muitas famílias. Com sua determinação e com a ajuda dos Bons Espíritos que o acompanham, fundou a Cidade da Luz, campo de trabalho e divulgação do Espiritismo, lugar de busca espiritual de um público que o admira. Pessoas como Medrado, inteligente, comunicador e trabalhador do Movimento Espírita se tornam ícones para o despertar de consciências em busca de renovação. Sua ascensão à frente de programas de rádio e de televisão demonstram a importância que tem para que o Espiritismo alcance maior público e seja colocado como um farol iluminador. Conhecido internacionalmente, tornou-se uma das mais importantes lideranças espíritas, com reconhecido mérito.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

André Luiz Peixinho

Conheci o então jovem médico André Luiz Peixinho em fins dos anos setenta, em intenso e profícuo trabalho no Movimento Juvenil Espírita. Sua criatividade, conhecimento e disposição sempre foram exemplo para todos. Sua fala apresentava uma visão filosófica e futurista do Espiritismo, contribuindo em muito para que os jovens tivessem uma percepção avançada do que era o espiritual. Além de médico, filósofo e psicólogo, fez seu mestrado e doutorado em Educação que o tornou portador de singular visão de mundo, encantando a todos com sua forma simples e, ao mesmo tempo, profunda ao abordar temas complexos, antes de difícil compreensão. Na época de juventude espírita, ele era o modelo que todo jovem queria ser, sendo elemento de motivação para os que se interessavam pela Medicina e pelo Espiritismo. Hoje, com justo mérito, é o presidente da Diretoria Executiva da Federação Espírita do Estado da Bahia, muito embora nunca postulasse qualquer cargo. Se suas ideias e ideais puderem ser postos em prática na venerável instituição, muito o Movimento Espírita Baiano irá ganhar. Recentemente, na Fundação Lar Harmonia, tive oportunidade de assistir a uma palestra por ele proferida que me fez perceber o quanto ele desenvolveu seu raciocínio na direção da simplicidade e o quanto ele vem se tornando cada vez mais sereno em sua apresentação.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Zíbia Gasparetto

Dedicar-se ao trabalho mediúnico por quase cinqüenta anos ininterruptos é tarefa hercúlea, sobretudo quando obrigações maternais são concomitantes. A compensação vem com o tempo, com a consciência do dever cumprido e com a presença doce e suave de Benfeitores Espirituais. Minha admiração por D. Zíbia vem de longas datas, quando estive em sua casa nos anos oitenta, em visita ao seu filho Luiz Antônio Gasparetto, médium e também grande trabalhador das lides espíritas. Vejo-a como um espírito que reencarnou com uma importante missão, possibilitando que milhões de pessoas penetrem na dimensão espiritual pela leitura de obras psicografadas, muito úteis para a consolação humana. Sua vasta contribuição literária, começada desde o início da década de sessenta, mostra o Espiritismo de forma simples, com romances de fácil e rica leitura, sem rebuscar na escrita e sem demonstrar interesse em doutrinar o leitor. Muitos iniciaram na estudo do Espiritismo partir de suas obras, mostrando o mundo espiritual como a dimensão em que o coração fala mais alto. Parabéns D. Zíbia. Seu nome está escrito na galeria dos grandes vultos do Espiritismo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Avatar

Bom filme e com diferentes mensagens, ao sabor de quem o analisa, mesmo que o cosiderem apenas um simples entretenimento. Ecológico, político, anti-imperialista, crítico à desmedida ambição humana, entre outras possibilidades de compreensão. Saí do cinema, na versão 3D, analisando o filme sob a ótica da reencarnação. De início, o filme mostra a possibilidade da mente humana comandar um outro corpo, fabricado com parte do DNA do corpo que a abriga; o novo corpo é uma espécie de clone obtido a partir da mistura de dois distintos organismos, que, com sofisticada tecnologia, é comandado pela mente de uma pessoa ainda encarnada e que pode, a qualquer tempo, retornar ao seu corpo de origem. A estadia temporária no segundo corpo, o obtido com a mistura dos DNAs, não retira a consciência da existência do corpo humano, o originário, nem sua integral memória, pois a mente apenas se transfere, comandando temporariamente o avatar. A ideia pode ser entendida como a possibilidade da reencarnação num corpo pré-fabricado sem o auxílio de um útero humano e sem passar pela infância. Gosto da ideia, pois parece factível num dos possíveis cenários futuros para a humanidade.

Atualização

Há um receio natural de que se atualize o Espiritismo. Afinal de contas quem tem autoridade para tal? Talvez deva acontecer naturalmente e de forma coletiva. Sem sucessores, mas continuadores. Mesmo assim, qualquer um que apareça com uma ideia nova, ou diferente do senso comum, recebe anátemas e exclusão pelos mais conservadores. É importante salientar que o dogma atrai como um imã. Trata-se de um poderoso mecanismo de defesa, uma âncora segura, que fixa a mente em certos princípios, receando o colapso. Dogmas não são apenas princípios rígidos, mas também idéias e crenças, mesmo que inicialmente novas e atualizadoras, que, por medo da insegurança, se solidificam na mente, impedindo o avanço de um conhecimento. O Espiritismo tem sido gradativamente atualizado, independentemente dos zeladores de plantão. Um grande exemplo disso foi a obra construída pelo médium Chico Xavier. Sem ter medo de estar atacando o Espiritismo ou de acreditar que o estaria destruindo, todos os espíritas sinceros e dedicados ao seu estudo devem filosofar sobre os escritos clássicos de seus precursores, fundadores e continuadores. Como disse Allan Kardec “O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza”. Nada a temer.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Haiti

Comove-me a situação no Haiti, ao ver a destruição, a morte, a miséria e o sofrimento que as pessoas estão passando. Dá uma imensa vontade de estar lá, metendo a mão naqueles escombros para salvar vidas e minorar a dor de muitos. A oração é o recurso que tenho utilizado em favor daqueles espíritos. Não sei porque, sob o paradigma da evolução dos espíritos, aquele terremoto aconteceu ali. Talvez se trate de resgates coletivos, porém, sei que todos devem se perguntar, haitianos ou não, presentes ou ausentes geograficamente, para que a catástrofe ocorreu. Algo precisa ser aprendido por todos, mesmo assim pouco se pode fazer para a prevenção de um terremoto. O Haiti é a representação de nossa miséria interior. Independentemente do sofrimento das pessoas, o que nos entristece, pode-se observar a solidariedade mundial. De fato, a Humanidade está se irmanando. É possível até, perceber-se uma certa competição salutar entre os países, qual deles proporciona maior ajuda. Entremos nessa onda de amor ao próximo, fazendo o que é possível a cada um. Se você, como eu, não pode ir lá, emita uma oração em favor daquele povo e deseje, antes dormir, estar, durante o sono, no local do terremoto consolando os espíritos que sofrem e se encontram atordoados nesse momento.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Espírito

Desço suavemente, deixando-me conduzir pela magia do momento, pela força da vida que deseja se realizar. Vou adiante, sem medo e sem fugir do destino de viver. Sinto-me um com o que me criou, impulsionando-me para dentro de mim mesmo, atuando externamente, utilizando minha mente. Sou como um perfume que deixa sua marca por onde exala sua essência. Anseio pela completude, pelo encontro com o divino em todas as coisas e pela compreensão de mim mesmo. Sem receios, sigo na direção do movimento da vida e no sentido do existir plenamente. Descubro, a cada experiência, a força do amor que tudo permeia. Viajo em companhia de outros, semelhantes a mim, vinculando-me em cada oportunidade de encontro e de troca. Sou símbolo da vida e a máxima representação do belo e do bem. Sou aquilo que é possível ser, desejando tornar-me o ainda impossível acontecer. Percebo minha íntima conexão com as forças criativas da natureza, que me fazem realizar meu destino. Sinto em mim a energia criativa do Universo perpassando minhas veias, a serviço dos objetivos do Criador. Sou mais do que um simples eu; sou plural e consciente de minha singularidade e, paradoxalmente, de minha totalidade.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O sofrimento

A dor é uma sensação física que denuncia alguma disfunção orgânica. Sofrimento é uma inadequação psíquica que traz desconforto ao ego. Portanto, todos os seres vivos sentem dor, mas apenas o ser humano pode sofrer. O sofrimento ocorrerá sempre que o ego sair de sua zona de conforto, em face da instabilidade provocada por algum processo não bem assimilado. Sobre a dor, deve-se buscar a causa para imediatamente erradicá-la. Sobre o sofrimento, deve-se, em primeiro lugar, buscar a causa, consciente ou inconsciente, que o provoca; em segundo, deve-se perguntar o que necessita ser aprendido com o que está acontecendo; e, em terceiro, entender que deve ser buscado um sentido maior para sua ocorrência. Sofrer ou não sofrer pode ser uma escolha relativamente fácil de se fazer, desde que cada ser humano se perceba um espírito imortal e entender que cada experiência tem seu tempo e seu valor relativos. Toda dor deve ser entendida como sinal do corpo e todo sofrimento como sintoma da alma que pede atenção, cuidado e encontro com Deus.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Dor

Definitivamente a dor não é boa conselheira, nem tampouco única forma de promover o despertar para a evolução do espírito. No auge da dor, a mente trabalha radicalmente para sua eliminação. Tudo é concedido, prometido ou cumprido para que a dor cesse. Se é assim, pode ocorrer uma negociação com blefe, com tentativas de burlar a aquisição de sabedoria. Melhor que a dor é a alegria de saber que o que se sente é resultante de um processo orgânico que cessará mediante um bom remédio. Questionar-se qual a causa da dor deve ocorrer conjuntamente com um médico, visando sua eliminação. Questionar-se sobre sua causa do ponto de vista moral ou do merecimento, carece de sentido, pois, independentemente de carma, todo ser humano sente dor, pois tem um organismo naturalmente suscetível a ela. Melhor é pensar em evolução sem dor e sem sofrimento. Como todos sentem dor, então não se deve relacioná-la com evolução pessoal. Como o sofrimento é uma questão de interpretação de experiências vividas, de acordo com o nível de evolução do espírito, pois nem todos sofrem, é possível atravessar as encarnações sem sofrer e, mesmo assim, evoluir. Não escolha nem a dor nem o sofrimento como meios de despertar para a própria evolução.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Imersão

A entrada do Espírito na Dimensão da Matéria e em sua correlata, a energia, é mais um ensaio da Divindade para o enriquecimento de ambos. É uma fase transitória dentre outras que lhe servem de substrato para a aquisição de novos paradigmas para um estado de felicidade cada vez mais pleno. É um fantástico mergulho, como num oceano imenso de possibilidades, para depois, retornando a superfície, habilitado para novos empreendimentos evolutivos, continuar sua jornada incomensurável. Essa imersão, não desejada por muitos, inclusive por quem já dela não necessita por se encontrar em níveis mais elevados de realização, é uma jornada que leva o Espírito a ampliar a percepção de si e da Divindade, numa dimensão cuja característica principal é a representação. A imersão se assemelha ao estágio que faria um pássaro caso pudesse passar um tempo mergulhado num oceano e depois retornasse à superfície, recobrando sua leveza original. Esse olhar sobre o Espírito amplia a perspectiva do ser humano para além de uma vida restrita, limitada a um corpo material ou não, fazendo-o entender que a vida, no corpo e fora dele nos mesmos moldes, trata-se de algo muito mais complexo do que encarnar e desencarnar.