sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Angústia da Alma

Angústia é o sintoma para indicar que o coração quer falar, mas não há linguagem capaz de traduzi-lo. É um peso que a alma sente e que necessita ser aliviada. É a dor de existir sem conseguir suportar a falta de algo indefinido e que lhe complete a ânsia da vida em querer se expressar. É doença que sufoca o peito, sugando-lhe a energia de viver e de agir de forma livre e autodeterminada. Compara-se a uma saudade de alguém que muito se ama e que já não se consegue mais aguentar. Sua cura se torna possível na conexão que se alcança com o divino, que a tudo permeia e que tudo completa, possibilitando um encontro doce e misterioso com o Criador. Só, de fato, o amor é capaz de resolver a angústia da alma, elevando-a ao máximo sentimento alcançável pelo ser humano. Amar; amar sempre e nunca deixar que nada possa impedir sua expressão. Quando o amor está presente no coração humano, nada pode ser condenável ou discriminado. O amor é a força propulsora do Universo. Amemos sempre.

domingo, 21 de novembro de 2010

A outra margem

Todos querem ir a outra margem do rio. Ultrapassar obstáculos, desbravar fronteiras, conhecer o desconhecido, extrapolar limites, cometer alguma hybris. Essa é a razão do progresso, pois nasce do desejo de sair da condição meramente humana e transcender ao divino. Todos devem quer ir adiante, alcançando as fronteiras do conhecimento, não se contentando com o óbvio ou o que acomoda a mente. Alçar vôo na direção do que foi proibido ao humano, do que não lhe foi permitido por Deus, paradoxalmente, deve ser desejo de todos. Limites psíquicos são convites ao crescimento. Quem pensou num paraíso, com regras previamente estabelecidas para que o humano ali habitasse indefinidamente, esqueceu-se da inteligência e amorosidade do Criador, pois, ele mesmo, proporcionou o surgimento dos opostos para incitar o humano a integrá-los. Todo mar deve ser desbravado, toda dor deve ser eliminada, todo espaço deve ser conquistado, todo horizonte dever ser ultrapassado, toda a ignorância deve ser vencida, toda a vida deve ser vivida com amor. Na outra margem haverá sempre o oposto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quero uma Religião

Quero uma religião que não me proíba, mas que me eduque; que não me incrimine, mas que me ofereça soluções; que não me reprima, mas que me ensine a encontrar melhores formas de expressão; que não me condene, mas que ofereça um adequado senso de justiça; que não me inferiorize, mas que me aproxime do Criador da Vida. Quero uma religião que me deixe sorrir nas manhãs de domingo, permitindo que minha prece seja o olhar para a natureza. Quero uma religião que, nos dias mais escuros do meu viver, dela não me lembre quando sentir medo e nela não me abrigue feito criança em consolações pueris. Quero uma religião que me incentive a oferecer rosas aos doentes e a levar alegria aos enterros, e a só chorar quando souber que a dor foi compreendida e que o morto vive e está bem. Quero uma religião que me oriente a reverenciar a inocência e a aplaudir de pé os que respeitam a sabedoria dos mais velhos. Quero uma religião que possa encontrá-la com quem estiver, por onde for, também no coração dos que ferem e gritam achando ter razão. Quero uma religião que abrigue aqueles que se arriscam em viver e abençoe os que se perdem nos labirintos escuros da própria ignorância. Quero uma religião que possa senti-la na compaixão, seja com a abundância dos perdulários ou com a miséria dos aparentemente incapazes, sem que me falte a necessária solidariedade. Quero uma religião que me faça sentir irmão de quem me contraria ou me rouba a esperança, também dos que me reverenciam inocentemente. Quero uma religião que retire a venda de minha cegueira, sem me tirar a ignorância completa, educando-me para a continuidade do aprendizado. Quero uma religião que não exclua nem estigmatize nenhuma criatura, nem crie castas de eleitos ou de salvos pela adoção de princípios lógicos. Quero uma religião cujo cântico e cuja liturgia incluam a voz da alma e o pulsar dos corações, para que um dia, quando não mais precisar de nada, eu encontre a mim mesmo.