domingo, 31 de janeiro de 2010

Zíbia Gasparetto

Dedicar-se ao trabalho mediúnico por quase cinqüenta anos ininterruptos é tarefa hercúlea, sobretudo quando obrigações maternais são concomitantes. A compensação vem com o tempo, com a consciência do dever cumprido e com a presença doce e suave de Benfeitores Espirituais. Minha admiração por D. Zíbia vem de longas datas, quando estive em sua casa nos anos oitenta, em visita ao seu filho Luiz Antônio Gasparetto, médium e também grande trabalhador das lides espíritas. Vejo-a como um espírito que reencarnou com uma importante missão, possibilitando que milhões de pessoas penetrem na dimensão espiritual pela leitura de obras psicografadas, muito úteis para a consolação humana. Sua vasta contribuição literária, começada desde o início da década de sessenta, mostra o Espiritismo de forma simples, com romances de fácil e rica leitura, sem rebuscar na escrita e sem demonstrar interesse em doutrinar o leitor. Muitos iniciaram na estudo do Espiritismo partir de suas obras, mostrando o mundo espiritual como a dimensão em que o coração fala mais alto. Parabéns D. Zíbia. Seu nome está escrito na galeria dos grandes vultos do Espiritismo.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Avatar

Bom filme e com diferentes mensagens, ao sabor de quem o analisa, mesmo que o cosiderem apenas um simples entretenimento. Ecológico, político, anti-imperialista, crítico à desmedida ambição humana, entre outras possibilidades de compreensão. Saí do cinema, na versão 3D, analisando o filme sob a ótica da reencarnação. De início, o filme mostra a possibilidade da mente humana comandar um outro corpo, fabricado com parte do DNA do corpo que a abriga; o novo corpo é uma espécie de clone obtido a partir da mistura de dois distintos organismos, que, com sofisticada tecnologia, é comandado pela mente de uma pessoa ainda encarnada e que pode, a qualquer tempo, retornar ao seu corpo de origem. A estadia temporária no segundo corpo, o obtido com a mistura dos DNAs, não retira a consciência da existência do corpo humano, o originário, nem sua integral memória, pois a mente apenas se transfere, comandando temporariamente o avatar. A ideia pode ser entendida como a possibilidade da reencarnação num corpo pré-fabricado sem o auxílio de um útero humano e sem passar pela infância. Gosto da ideia, pois parece factível num dos possíveis cenários futuros para a humanidade.

Atualização

Há um receio natural de que se atualize o Espiritismo. Afinal de contas quem tem autoridade para tal? Talvez deva acontecer naturalmente e de forma coletiva. Sem sucessores, mas continuadores. Mesmo assim, qualquer um que apareça com uma ideia nova, ou diferente do senso comum, recebe anátemas e exclusão pelos mais conservadores. É importante salientar que o dogma atrai como um imã. Trata-se de um poderoso mecanismo de defesa, uma âncora segura, que fixa a mente em certos princípios, receando o colapso. Dogmas não são apenas princípios rígidos, mas também idéias e crenças, mesmo que inicialmente novas e atualizadoras, que, por medo da insegurança, se solidificam na mente, impedindo o avanço de um conhecimento. O Espiritismo tem sido gradativamente atualizado, independentemente dos zeladores de plantão. Um grande exemplo disso foi a obra construída pelo médium Chico Xavier. Sem ter medo de estar atacando o Espiritismo ou de acreditar que o estaria destruindo, todos os espíritas sinceros e dedicados ao seu estudo devem filosofar sobre os escritos clássicos de seus precursores, fundadores e continuadores. Como disse Allan Kardec “O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza”. Nada a temer.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Haiti

Comove-me a situação no Haiti, ao ver a destruição, a morte, a miséria e o sofrimento que as pessoas estão passando. Dá uma imensa vontade de estar lá, metendo a mão naqueles escombros para salvar vidas e minorar a dor de muitos. A oração é o recurso que tenho utilizado em favor daqueles espíritos. Não sei porque, sob o paradigma da evolução dos espíritos, aquele terremoto aconteceu ali. Talvez se trate de resgates coletivos, porém, sei que todos devem se perguntar, haitianos ou não, presentes ou ausentes geograficamente, para que a catástrofe ocorreu. Algo precisa ser aprendido por todos, mesmo assim pouco se pode fazer para a prevenção de um terremoto. O Haiti é a representação de nossa miséria interior. Independentemente do sofrimento das pessoas, o que nos entristece, pode-se observar a solidariedade mundial. De fato, a Humanidade está se irmanando. É possível até, perceber-se uma certa competição salutar entre os países, qual deles proporciona maior ajuda. Entremos nessa onda de amor ao próximo, fazendo o que é possível a cada um. Se você, como eu, não pode ir lá, emita uma oração em favor daquele povo e deseje, antes dormir, estar, durante o sono, no local do terremoto consolando os espíritos que sofrem e se encontram atordoados nesse momento.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Espírito

Desço suavemente, deixando-me conduzir pela magia do momento, pela força da vida que deseja se realizar. Vou adiante, sem medo e sem fugir do destino de viver. Sinto-me um com o que me criou, impulsionando-me para dentro de mim mesmo, atuando externamente, utilizando minha mente. Sou como um perfume que deixa sua marca por onde exala sua essência. Anseio pela completude, pelo encontro com o divino em todas as coisas e pela compreensão de mim mesmo. Sem receios, sigo na direção do movimento da vida e no sentido do existir plenamente. Descubro, a cada experiência, a força do amor que tudo permeia. Viajo em companhia de outros, semelhantes a mim, vinculando-me em cada oportunidade de encontro e de troca. Sou símbolo da vida e a máxima representação do belo e do bem. Sou aquilo que é possível ser, desejando tornar-me o ainda impossível acontecer. Percebo minha íntima conexão com as forças criativas da natureza, que me fazem realizar meu destino. Sinto em mim a energia criativa do Universo perpassando minhas veias, a serviço dos objetivos do Criador. Sou mais do que um simples eu; sou plural e consciente de minha singularidade e, paradoxalmente, de minha totalidade.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O sofrimento

A dor é uma sensação física que denuncia alguma disfunção orgânica. Sofrimento é uma inadequação psíquica que traz desconforto ao ego. Portanto, todos os seres vivos sentem dor, mas apenas o ser humano pode sofrer. O sofrimento ocorrerá sempre que o ego sair de sua zona de conforto, em face da instabilidade provocada por algum processo não bem assimilado. Sobre a dor, deve-se buscar a causa para imediatamente erradicá-la. Sobre o sofrimento, deve-se, em primeiro lugar, buscar a causa, consciente ou inconsciente, que o provoca; em segundo, deve-se perguntar o que necessita ser aprendido com o que está acontecendo; e, em terceiro, entender que deve ser buscado um sentido maior para sua ocorrência. Sofrer ou não sofrer pode ser uma escolha relativamente fácil de se fazer, desde que cada ser humano se perceba um espírito imortal e entender que cada experiência tem seu tempo e seu valor relativos. Toda dor deve ser entendida como sinal do corpo e todo sofrimento como sintoma da alma que pede atenção, cuidado e encontro com Deus.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Dor

Definitivamente a dor não é boa conselheira, nem tampouco única forma de promover o despertar para a evolução do espírito. No auge da dor, a mente trabalha radicalmente para sua eliminação. Tudo é concedido, prometido ou cumprido para que a dor cesse. Se é assim, pode ocorrer uma negociação com blefe, com tentativas de burlar a aquisição de sabedoria. Melhor que a dor é a alegria de saber que o que se sente é resultante de um processo orgânico que cessará mediante um bom remédio. Questionar-se qual a causa da dor deve ocorrer conjuntamente com um médico, visando sua eliminação. Questionar-se sobre sua causa do ponto de vista moral ou do merecimento, carece de sentido, pois, independentemente de carma, todo ser humano sente dor, pois tem um organismo naturalmente suscetível a ela. Melhor é pensar em evolução sem dor e sem sofrimento. Como todos sentem dor, então não se deve relacioná-la com evolução pessoal. Como o sofrimento é uma questão de interpretação de experiências vividas, de acordo com o nível de evolução do espírito, pois nem todos sofrem, é possível atravessar as encarnações sem sofrer e, mesmo assim, evoluir. Não escolha nem a dor nem o sofrimento como meios de despertar para a própria evolução.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Imersão

A entrada do Espírito na Dimensão da Matéria e em sua correlata, a energia, é mais um ensaio da Divindade para o enriquecimento de ambos. É uma fase transitória dentre outras que lhe servem de substrato para a aquisição de novos paradigmas para um estado de felicidade cada vez mais pleno. É um fantástico mergulho, como num oceano imenso de possibilidades, para depois, retornando a superfície, habilitado para novos empreendimentos evolutivos, continuar sua jornada incomensurável. Essa imersão, não desejada por muitos, inclusive por quem já dela não necessita por se encontrar em níveis mais elevados de realização, é uma jornada que leva o Espírito a ampliar a percepção de si e da Divindade, numa dimensão cuja característica principal é a representação. A imersão se assemelha ao estágio que faria um pássaro caso pudesse passar um tempo mergulhado num oceano e depois retornasse à superfície, recobrando sua leveza original. Esse olhar sobre o Espírito amplia a perspectiva do ser humano para além de uma vida restrita, limitada a um corpo material ou não, fazendo-o entender que a vida, no corpo e fora dele nos mesmos moldes, trata-se de algo muito mais complexo do que encarnar e desencarnar.