domingo, 27 de setembro de 2009

Lazer

O lazer é uma válvula de escape necessária ao espírito. Sua mente, importante órgão de expressão e comunicação, ainda em processo de amadurecimento, acumula tensões geradas nas experiências de contato com o desconhecido, que, a todo momento, naturalmente lhe surgem, seja pelo medo ou por ansiedade, provocando a necessidade de alívio. Quando não vivido, projeta-se ao assistir eventos esportivos das mais diversas modalidades. Mesmo assim, faltará a experiência direta para alívio daquelas tensões. O lazer continuará sendo requisitado para aquela importante função de aliviar tensões físicas e psíquicas. Acreditar que a prática esportiva e o lazer sejam meramente cultos ao corpo é não entender a dinâmica psíquica. Os campeonatos mundiais, as olimpíadas e outros eventos coletivos que visam a competição e o lazer, além dos benefícios diretos que trazem à economia, são extremamente importantes ao equilíbrio psíquico da humanidade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Filosofar

Filosofar é uma arte perigosa. Talvez pela pretensão de transformar consciências. Mexer com a cabeça dos outros é um risco muito grande. Pode-se melhorar as pessoas e isso ‘prejudica’ quem não quer mudar. Pois quem não quer mudar, pretende permanecer no controle dos que não sabem que podem mudar. Isso ocorreu com grandes líderes. Eles foram perseguidos por causa de sua audácia em querer mudar. Sócrates foi um dos exemplos inesquecíveis. Para não falar em Jesus, que pagou alto preço por querer transformar as consciências na direção do amor e do perdão. Assim ocorre com todos que ousam interpretar, que colocam algo a mais do que está escrito, que tentam contextualizar o que foi escrito ou falado em outras épocas. Porém, é pretensão demais querer sair incólume quando se diz algo que pertence ao futuro, pois parecerá heresia para os que não querem perder o poder. Agarram-se ao controle. Temem perder o próprio controle sobre si mesmos. Os que filosofam, pagam com sacrifício, com exposição e opróbrio público. Mas, tudo tem seu tempo e sua hora. Um dia o sol brilhará após a noite escura...

domingo, 20 de setembro de 2009

Há Espíritos

E ainda tem pessoas que não acreditam na existência dos espíritos. Dentre elas, tem aquelas que o fazem sem qualquer estudo sério, por preconceito, por ignorância, por medo ou por convicção pretensamente científica. São os que não querem ver e se contentam com a forma e os limites do pensar exclusivamente material. Cerceiam a própria natureza, que os leva ao desenvolvimento da personalidade, em última analise, à evolução do espírito que são. Limitam-se e à sociedade, pois criam menos, crescem menos e empobrecem a mente. A consciência da existência dos espíritos, como seres humanos sem o corpo material, é uma questão lógica e que não deveria ser apenas do domínio religioso. Infelizmente a questão dos espíritos ainda é tratada como assunto de fé, quando deveria ser considerada do ponto de vista sociológico, antropológico, psicológico, médico, científico etc. Aqueles que não se importam seriamente com o assunto ou tratam-no como simples questão de fé, perdem e se atrasam na evolução espiritual.

ESTIGMAS 1

Atendendo pacientes em minha clínica junguiana, tenho percebido os estigmas que eles trazem. São marcas involuntárias que denunciam suas histórias pregressas, bem como seu estado psíquico inconsciente. São caminhos de percepção do que não revela suas consciências, mas que estão materializados na configuração de suas vidas. Quer sejam marcas físicas ou não, tornam-se como rastros de um peregrino que caminha na direção de sua realização, em ultima análise, na busca de si mesmo. São impressões ou configurações que revelam características momentâneas de quem é de fato seu portador. Acontecem naturalmente, sem que o ser se dê conta que essas marcas fazem parte de sua natureza interior. São como a caligrafia de uma pessoa. Seus traços denunciam aspectos inconscientes e reveladores da personalidade. Decifrar os significados simbólicos dos estigmas, requer um certo conhecimento, bem como, quando se alcança seu sentido oculto, proporciona um maior e melhor desenvolvimento do ser. Estigmas são úteis no processo terapêutico e, sua compreensão facilita a possibilidade de modificação do destino do seu portador.

EDUCAÇÃO

Sem uma visão mais ampla a respeito de que o ser humano é um espírito imortal, a educação torna-se parcial, incompleta e enviesada. Até hoje tem sido fundamentada no binômio corpo-sociedade, sendo o primeiro, único paradigma até então utilizado para se conceber o humano, e, a sociedade, estabelecida como campo de aplicação e finalidade a ser melhorada para o bem coletivo. Enquanto não se extrapolar o limite do binômio, marcharemos lentamente e sofrivelmente. Melhorar o indivíduo para essa sociedade, visando apenas que ele se adapte a ela, como se fosse seu exclusivo objetivo, reduz o humano ao conjunto social. Há que considerá-lo um ser interdimensional, que, alem disso, deve entender sua finalidade para além deste mundo. Essa consideração tornaria a educação um fator que eliminaria a natural angústia que acompanha o ser humano desde que nasce. Não significa uma educação espírita, mas uma educação voltada para o espírito imortal.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fora da Caridade não há Salvação

Vejo muitas pessoas utilizarem a afirmação de Allan Kardec de forma literal. Isso não contribui para o esclarecimento devido, no que diz respeito à percepção de que todos somos espíritos imortais. A palavra Salvação deve ser compreendida como evolução, pois não precisamos ser salvos de nada. O termo salvação era utilizado por que se acreditava que as pessoas estavam perdidas, endemoniadas, desorientadas ou por demais hedonistas. Somos espíritos eternos, fadados à felicidade em em constante evolução. A frase acima quer dizer que, para evoluirmos precisamos uns dos outros. Não há condenação eterna nem sofrimento sem fim. Ao espírito está destinado o Universo, como seu lócus de criação, desenvolvimento e evolução.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fundamentalismo Espírita

Não creio que deva me preocupar com este tema, mais do que qualquer outra pessoa. Talvez devesse, pois tenho visto, mesmo que sutilmente, com ares de defesa doutrinária, este tema no Espiritismo. Pessoas investidas de grande fé e entusiasmo, execrar outras por não se apresentarem na forma tradicionalmente exigida na linguagem ortodoxa. O Espiritismo é uma doutrina aberta, que evolui no tempo e nas diversas culturas. Exigir a manutenção da redação de Allan Kardec nos escritos e nas falas de hoje, depõe contra o próprio, que advogava o caráter evolutivo do Espiritismo. Não se trata de alterar livros já escritos, nem deturpar conteúdos, mas de escrever novos livros e trazer novas ideias. Devemos filosofar sobre os princípios básicos do Espiritismo. Devemos pesquisar para melhor explicar os princípios básicos do Espiritismo. Devemos ampliar a religião espírita para que se postule como religiosidade universal. Nada disso acontecerá se mantivermos a mente rígida em ideias cristalizadas, mesmo que coerentes, porém anacrônicas em seu formato final.

Psicologia do Estigma

Tenho que concordar com Baudelaire quando diz que “como foi a imaginação que criou o mundo, ela o governa”. Jung afirmara que “(a fantasia) ... é a mãe de todas as possibilidades onde o mundo interior e exterior formam uma unidade viva, como todos os opostos psicológicos.” Bem que ele, Baudelaire, poderia ter dito que “a relativização na vida contribui para a singularidade da pessoa”. Não disse, talvez por que via o mundo como Matrix, filme inspirado em suas idéias. Quanto mais se sonha, se imagina, se coloca o pensamento a viajar pelas estrelas, como se fossem ventos sussurrantes, mais se penetra no mundo real, que governa o mundo dos sentidos. É exatamente pela possibilidade de fantasiar que o ser humano forja o saber. Essa fantástica capacidade de criar, transformando o imaginário em possibilidades de concretização que a vida acontece a cada dia. É essa capacidade que deve ser utilizada para entendimento do estigma. Uma marca, um estigma, pode ter muitos significados, graças a fantasia, que sempre vai procurar na realidade uma forma para se manifestar como um símbolo. Sem entender seu significado real, sua origem e causas, o ser humano dá-lhe um sentido simbólico, direcionando sua vida segundo e de acordo com seu entendimento egóico.