Desconstrução

A ideia de que o virginal é o divino, em detrimento do que recebeu a influência humana, considerado profano; de que o sublime é branco, azulado e etéreo e que são símbolos do espiritual, em detrimento do colorido, negro ou vermelho; de que o circular, o simétrico ou o esteticamente enquadrado é perfeito, em detrimento do esconso ou irregular; de que o sensual, sexual e erótico é contrário ao sagrado; de que a vida monástica, o santo e o que está mais próximo de Deus é aquele que tem uma proposta religiosa, em detrimento do empreendedor e fomentador do progresso social; tudo isto parece-me estar enviesando a consciência humana.  Esqueceram-se, os que assim pensam, de que tudo é divino, inclusive aquilo que é humanamente concebido; de que o próprio divino, é o que é considerado pelo humano; de que, das profundezas do mais abissal, do que parece mais trágico ou misterioso, brota a vida de forma exuberante, denunciando a presença do Criador, sem qualquer interferência humana. Um olhar com mais leveza, uma percepção sem julgamentos morais e uma vivência mais humanizada, sobretudo naquilo que é aversivo, significam a consciência da presença de Deus em todas as coisas.