No ar...

... sinto o perfume da vida que me encanta e aquece meu desejo intenso de crescer;

... navegam ondas de sabedoria à disposição dos que almejam amar;

... pairam entes de infinita beleza para o deleite e proteção dos que sintonizam com o belo;

... deslizam correntes do bem, à serviço da Vida, para que todos sintam o Criador;

... andam ideias e sentimentos para que o ser humano se aproprie de sua condição de herdeiro de Deus e agente do próprio destino;

... voam os que são donos da liberdade de viver o amor sem limites.

Visita espiritual

Novamente ele me visitou. Quando acontece, ampliam-se em mim as percepções, aguçam-se os sentidos da alma e uma espécie de alegria interior inunda-me o ser. Desconheço sua fisionomia; creio irrelevante. No momento, procuro o silêncio, acalmo a respiração e me coloco em estado de receptividade e de atenção concentradas. A oração me surge como um sentimento de conexão e de sintonia. Não lhe ouço a voz, mas entendo o que me diz; não lhe sinto a física presença, mas sei de sua vibração amorosa. Dessa vez me disse: “Continue tocando sua vida. Atenda ao chamado do amor e aprenda a servir”. Escutei, agradeci e me levantei.

Solidão

Lamentar estar só implica em reclamar de si mesmo, em atestar a inércia diante do impulso natural que nos impele ao outro. Enfadar-se da convivência é desgostar de si mesmo, excluindo-se da própria condição humana. O solitário se basta, cristaliza-se no diálogo interno, cíclico e redundante, sem possibilidade de crescimento. Não solucionar o problema da solidão implica na falta de amadurecimento da alma. Eventualmente, optar por estar só pode ser providência necessária para novas formas de contato adiante. Para quem quer sair do incômodo de uma solidão indesejável, o remédio é deixar o coração disponível à bondade e a razão acessível à própria ignorância.

Venho de longe

Venho de longe;

Venho de muito longe;

Sou das primeiras falas e das primevas luzes;

Habitei o profundo, no caldeirão do mistério da vida infinita;

Fui do fogo, das grandes correntes que alimentam a vida e dos universos sem fim;

Cada parte de mim compôs o brilho do luar e o cintilar das estrelas;

Venho de longe

De muito longe

Entreguei-me ao mago, vivi a experiência alquímica de transcender os sentidos;

Adorei os ídolos, na esperança de não me perder;

Criei, plantei e voei, mas nada me satisfez tanto do que cheirar a terra;

Vi monstros, para depois enxergá-los dentro de mim mesmo;

Venho de longe

De muito longe

Das entranhas de minha mente nasceram meus instintos e minha consciência;

Vi-me melhor quando observei pelo corpo que abriga meu ego;

Sou aquilo que crio em mim. Sou o amor de Deus.

Onde andas?

Tenho saudade de teu olhar, de tua ternura e de teu silêncio, e, principalmente de teu sentir;

Quando penso em ti, sinto uma onda de criatividade que me impele ao viver; tua vibração me anima, me alegra e me conecta ao Divino;

Lembro de quando te vi pela primeira vez. Parecia uma deusa celeste. Senti-me inundado por uma energia amorosa e intensa. Deu vontade de dissolver-me em tua aura luminosa;

Tua presença é certeza de que necessito crescer, aprender e integrar o mistério da vida; confundo-a com o sentido e significado do existir;

Não sei onde estás, mas sei que me sentes, como eu também te sinto;

Ama-me. Amo-te.

Conquistas

Sou dono de meu tempo, por isso tenho tempo para muitas coisas. Desenvolvo diferentes tarefas e ainda me sobra tempo; quanto mais me ocupo, mais me sobra tempo. Conquistei essa condição depois do dia em que fui visitar uma pessoa doente que me pediu apenas uma palavra de orientação no leito de morte.

Sou dono de habilidades e competências que me permitem conforto, prestígio e patrimônio. Conquistei isso depois que aprendi, na infância, a ler e a interpretar o que lia.

Sou dono de muitos vínculos afetivos, tenho bons amigos, familiares queridos e amores seguros. Conquistei isso depois que descobri como olhar e cuidar da alma do outro.

Sou dono de conhecimentos a respeito da vida, do mundo e dos processos humanos. Conquistei isso depois que passei a me conhecer melhor.

Sou dono de grande e importante ignorância. Conquistei isso quando me percebi Espirito imortal, tão aprendiz quanto os outros, meus irmãos do caminho.

Não sou dono sequer de uma partícula da Natureza. Deus me fez humano, simplesmente humano.