segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Sombra


Outro dia, ao olhar no espelho, vi-me envolvido por escura e densa névoa, como se meu rosto estivesse coberto por grossa fumaça. Assustei-me e imaginei que poderia estar sendo alvo de agressão espiritual ou sutil obsessão. Fechei e abri rapidamente os olhos na expectativa de que a visão se dissipasse. Para meu espanto, lá estava a mesma imagem. Aquietei-me e pude “ouvir”, dentro de mim mesmo, uma voz que dizia tratar-se de representação de uma parte de minha personalidade, não revelada e que eu não deveria esquecer, mas que, de forma alguma, era ameaçadora; disse-me que eu deveria entender que em mim há sombra e luz; que todas as vezes que tentasse enxergar a sombra no outro, a minha realçava. Sempre que admitisse minha sombra, a névoa deixaria ser atravessada pela luz que emana de meu ser. Compreendi a lição e aceitei conscientemente meu próprio mal, não mais acreditando tratar-se de algo externo. A voz me aconselhou acolher a sombra pessoal.

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