terça-feira, 24 de junho de 2014

O adicto

O ambiente do quarto hospitalar estava pesado. Parecia que havia uma grande multidão em torno da cama. O doente, adicto há pelo menos trinta e cinco anos, exalava fluidos desagradáveis. Adormecido, não apresentava qualquer risco. Notei que estava amarrado ao leito. A abstinência de cinco dias das drogas provocou-lhe agitação, agressividade, risco para os demais internos e cuidadores. Aproximei-me do leito, enquanto ele dormia, e, mentalmente, enderecei-lhe uma pergunta: “por que causar tanto sofrimento a si mesmo?”. Como não obtive resposta, fiz uma oração para que minha pergunta ecoasse dentro dele e lhe trouxesse alguma reflexão positiva. Poucos segundos depois, “ouvi”, dentro de mim, a resposta que não esperava, em forma de conselho, emitida por um amigo espiritual que me acompanhava na visita. – “Ele não será capaz de registrar sua pergunta e, mesmo que o escutasse, não elaboraria qualquer reflexão. Emita, pelo coração, o sentimento de compaixão, pois este ele receberá e valerá por milhares de reflexões.”. Calei-me, compreendendo o reduzido significado de palavras para aquele momento. Orei, pedindo a Deus que o acolhesse e que me iluminasse a alma para vibrar na faixa do amor.


4 comentários:

  1. O AMOR CURA.
    "QUALQUER FORMA DE AMOR VALE A PENA"...

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  2. O doente, adicto é igual a uma mula, quando empaca, não tem que dê jeito.
    Muita paz

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  3. Além do adicto, podemos levar esse ensinamento para o âmbito de todas as relações. Muitas vezes, lidamos com pessoas que cometem equívocos e não os percebem. Aconselhamos, porém as palavras não são registradas. As vezes concordam no primeiro momento, mas logo em seguida reincidem. Como seria bom se nossos conselhos e indagações fossem reflexionados. Quando não for possível ajudar com palavras, devemos emitir e nos satisfazer com nossas ondas de amor.
    Muito bom esse texto

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  4. As vezes nao ajudamos com palavras.Basta um sorriso em um rosto sincero, para nos da uma segurança. Muita paz.

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