terça-feira, 28 de maio de 2013

Nietzsche (1844-1900)


Ler Nietzsche, em O Anticristo, significa entrar em contato com o mais contundente filósofo crítico. Essa leitura provoca dois sentimentos: o primeiro é de admiração pela sua coragem em atingir com agressivas críticas, simultaneamente, a Igreja, a casta sacerdotal, os cristãos, os judeus, os alemães, os teólogos, o apóstolo Paulo, Lutero e todos que trocam a vida presente pela vida no além; o segundo, surpresa pela coerência com que distingue Jesus de tudo aquilo que fizeram de sua mensagem. Sua escrita apaixonada e, por vezes, apaixonante, mesmo quando se equivoca com interpretações forçadas dos textos do Evangelho, denuncia o espírito obstinado em seus bem definidos propósitos. Seu ataque ferrenho ao Cristianismo tinha endereço certo: a Igreja que se construiu depois da morte de Jesus e os erros cometidos pelos cristãos, principalmente a negação da vida material. Seu olhar foi dirigido aos fatos que marcaram o Cristianismo até o Século XIX, bem como a todos os pais da Igreja. Culpou os próprios alemães por terem se deixado contaminar pelo Cristianismo. Ao lê-lo, pode-se amá-lo e odiá-lo, ao mesmo tempo, porém não se pode negar sua disfarçada admiração pela pessoa de Jesus. Sem o querer, creio eu, mostrou-se muito próximo de Jesus, principalmente quando tentou limpar a mensagem do Evangelho das contaminações dos  que deram continuidade a sua divulgação. É certo que Nietzsche foi cruel em suas críticas, mas não se pode retirar-lhe a genialidade de suas ideias nem tampouco a capacidade de ler a história das civilizações com bastante competência. Assim como Jesus convidou Saulo de Tarso para dar continuidade à disseminação de suas ideias, provavelmente, numa próxima encarnação, chamará Nietzsche para juntar-se às suas hostes. Espero que a consciência da imortalidade possa ter dado, a esse notável filósofo, mais amorosidade, mais vontade de elevar os fracos e oprimidos à categoria de nobres e possa, também, ampliar sua vontade de construir um mundo melhor.

5 comentários:

  1. "O que não me mata, torna-me mais forte". Essas são palavras de Nietzsche.Talvez ele tenha preferido ser apenas um forte.E nós o desejamos tb amoroso.

    Um abraço fraterno,
    Amarelo.

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  2. Adenáuer,a sua agenda pessoal está diferente da agenda da Fundação.
    Onde vc estará no dia 27 de junho e no dia 6 de julho (em Salvador ou em Assis)?
    OU VC ESTARÁ NOS DOIS LUGARES AO MESM TEMPO!!! hahaha...
    Responda-me por favor pois quero assistir uma palestra sua mas estou sem tempo por agora, só poderei no final do mes que se inicia.
    Muito obrigado.

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  3. Nietzsche, como a maioria de nós, está preso na ditadura dos opostos. Carece de liberdade e tudo o que diga, apesar de poder ser coerente ou não, estará irremediavelmente contaminado.
    Ele não faz uma rutura com o falso e constrói algo de novo. Ele deteta uma falsidade e daí parte para o seu oposto, trata-se de uma continuidade, sob outra aparência, claro. He is playing the game.
    Apesar disso, reconheço a sua intelectualidade.



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  4. Algumas suas frases são muito interessantes:
    - "As convicções são cárceres."
    - Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."
    - Torna-te quem tu és!"
    - Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar"
    -"Como são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a rutura hostil!"
    Bem, em outras só ele encontrará o seu significado....

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  5. Em leitura de alguns trechos do "O Anticristo",pelo que entendi Nietzsche considera que a função de Jesus foi justamente de libertar o homem da valorização do material, do poder, da superproteção...Para ele o verdadeiro anticristo era Paulo,quando negou Jesus. Acredito que ele viu em Jesus, muito mais do que O Enviado que aqui esteve para nos falar de amor, e nos livrar de nossas culpas,e sim, um "Espírito-Livre", que veio nos mostrar a importância de cada uma de nossas escolhas. Não é por nada, que as Leis de Deus estão escritas na nossa "consciência"(Livro dos Espíritos -621. Essa é minha interpretação.Não sei se correta, talvez necessite aprofundar mais minha leitura nesse assunto tão polêmico, porém muito interessante.
    Obrigada Adenáeur, por mais esse aprendizado,
    abraços,
    Carla

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