quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Fisgados pelo arquétipo religioso

É notória a tendência de todo grupo social que trate da vida após a morte direcioná-la para as implicações religiosas inerentes. Tal direcionamento decorre de fatores diversos cujo cerne é o próprio psiquismo humano, que impulsiona o indivíduo para a sacralização das experiências que sinalizem para a temática da morte. Encerrá-la como exclusivo produto religioso também advém da tradição e da cultura que fomentou o desenvolvimento de segmentos que se apropriaram em oferecer vias de garantir uma boa chegada ao suposto destino final, na vida espiritual. É preciso encarar a vida após a morte como um fenômeno natural, sem lhe retirar o caráter sagrado, mas aplicando-lhe as características típicas de qualquer outro acontecimento humano. Assim se fez com muitas ocorrências da Natureza para as quais não se tinham explicações plausíveis, como os raios, as tempestades, os terremotos e outros fenômenos menores, que, posteriormente, deixaram de ser reverenciados como manifestações relacionadas a religião. Por conta da apropriação da temática da morte pelas religiões, o ser humano ainda se encontra distante da compreensão profunda de seu significado e de sua natural ocorrência. Caberia ao Espiritismo assim considerar, porém, como movimento humano, segue sacralizando e tratando o tema de forma preponderantemente religiosa. As principais ações que se observam no Movimento Espírita objetivam a evangelização, a sacralização dos assuntos que tratam da temática da imortalidade, bem como a conversão cristã. Tais ações não são, de forma alguma, condenáveis ou desnecessárias, porém, a elas, devem ser acrescentadas outras que naturalizem os conceitos espíritas, dentre eles, principalmente, a consciência de que o ser humano é um Espírito imortal.


Um comentário:

  1. Quando crianças aprendemos que no ciclo da vida todo ser vivo nasce, cresce, se reproduz, envelhece e morre. E enraizamos este conceito de tal forma que não sabemos lidar com mortes prematuras. Aliado ainda a aspectos religiosos, quando tais mortes se apresentam, sofremos lamentando muito mais por quem fica do que por quem desencarna. Mesmo a crença na imortalidade do espírito, na possibilidade de reencontro, nada é capaz de aliviar a dor causada pela saudade. Não se trata de lamentar um futuro promissor ou sonhos e planos cancelados, mas se trata de constatar que o pior da morte é simplesmente o sofrimento causado pela Saudade.
    Muita paz!

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