segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Religião e Religiosidade

Nem sempre é possível ao ser humano alcançar a exigência que lhe faz o ideal de pessoa que constrói a cada encarnação. Geralmente projeta uma personalidade a ser alcançada muito além de sua própria capacidade de sustentar. Via de regra, para o delineamento dessa idealização de si mesmo, recebe a contribuição da religião, que, exigindo a pureza e perfeição do espírito, lhe põe em cheque mate em face do julgamento negativo que o enquadra. Por esse motivo, religião não é realizadora. A religiosidade sim, pois é a vivência do sagrado dentro dos limites do possível a cada pessoa. É o sentimento interno da origem divina de si mesmo, bem como de idêntica destinação. A tolerância religiosa é mais do que o respeito externo à opção e identificação de alguém com uma religião. É sobretudo a percepção da religiosidade interna do outro, expressa na religião escolhida. A religiosidade é um espectro de atitudes vinculadas ao propósito de construir uma sociedade produtiva, feliz e que se desenvolve na direção do amor, bem como na busca da compreensão do mistério da vida. A religião pessoal e a religiosidade da pessoa coincidem, pois atendem a conexão com o divino, no estágio de evolução em que se encontra o espírito. Nessa perspectiva de religiosidade, as possibilidades de crescimento espiritual ficam mais acessíveis, menos pesadas e assimiláveis por todos. A disseminação da religiosidade unifica a irmana todos os crentes de todos os credos e culturas.

5 comentários:

  1. Adenáuer, Adenáuer...seria magnífico se mais estudantes de Direito pudessem ouvir estas palavras que leio aqui. O tema do respeito à religião ampliado ao respeito à religiosidade traria uma nova percepção, e sua linguagem facilitadora ajudaria tanto !
    Sugestão dada!
    Um abraço !

    ResponderExcluir
  2. Vejo a religião e a religiosidade de formas distintas... A religião aprisiona em dogmas e preceitos, já a religiosidade "derrama,expande" amor, compaixão, solidariedade!

    ResponderExcluir
  3. Muito bom seu texto. Coisa que me deixa feliz é encontrar textos como o seu: simples, completos e sábios sobre os assuntos complexos da vida. Adorei...
    Minha posição sobre o tema é exatamente o mesmo do seu. Uma vez tive oportunidade de conversar com uma entidade familiar que não vive mais na Terra. Perguntei se podia fazer perguntas sobre o mundo onde ela vive e tive autorização. A primeira coisa que perguntei foi sobre a questão da religião. "Como são as religiões aí?". Ela me respondeu que lá não existem religiões, todas as pessoas amam à Deus e o adoram de forma íntima e pessoal, vigorando um concenso natural e geral sobre Deus, que rege não só a vida pessoal de cada um, como também de toda a sociedade. Não há uma religião universal ou várias separando as almas, mas apenas um pensamento unificado sobre Deus e a ligação íntima de cada um com Ele, em suma, um único sentimento de religiosidade que guia a sociedade e une as criaturas. As pessoas o adoram da forma que se sentirem mais felizes, de forma íntima. E há momentos sociais quando todos se reunem para se unificar à Ele em conjunto, que são as orações coletivas e alguns dias especiais da cultura geral.
    Achei muito interessante, porque já que na nossa humanidade é tão centrada na religião, acabamos por achar que ela é *tudo*, quando tudo é apenas Deus. A religião é fruto do homem, portanto criada à sua imagem e semelhança, fadada à imperfeição e até ao fim. A religiosidade é a ligação íntima entre Criador e criatura, e à medidade que a alma percebe *no emocional* que ela pode ligar-se à Deus sem necessidade de uma religião, já que Deus se manifesta dentro de si mesma e de toda criatura, a religião vai perdendo o espaço no íntimo para dar lugar à expansão e aprimoramento do amor, tendo a doação de si em prol do outro, como consequência natural do processo. Acaba aquela história de "vivenciar a doutrina A ou B porque é o que manda a doutrina, e pela lógica moral é o que devo fazer. Faço caridade porque é o melhor para minha evolução, porque não adianta estudar sem praticar", para surgir o "vivo a realidade de Deus dentro de mim e de todos e doo-me ao bem-estar de todos porque amo profundamente à Deus e toda sua criação, e por necessidade irresistível do amor, eu vivencio a benemerência. Fazendo os outros mais felizes, eu me realizo".
    Para esse pensamento último não se precisa seguir religião ou doutrina alguma. É um processo *natural* de dentro para fora, não de fora para dentro...

    Enfim, é isso! Abração e outra vez, parabéns pelo texto!

    ResponderExcluir
  4. Meu comentário ficou maior que seu texto... :P
    Desculpa... Um dos meus "sonhos" é um dia conseguir ser tão sintética como vc foi! :)))

    Outro abraço! :)

    ResponderExcluir