quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Divina presença


Entardecia. Último dia do ano e aparente fim de um ciclo. Sentei-me numa pequena elevação da areia da praia, disposto a absorver a energia pura que soprava suavemente do mar. Poucas pessoas caminhavam na longa praia à minha frente. Adiante, um exuberante oceano. Enquanto a força divina entrava por meus pulmões, senti sutil presença ao meu lado. Fechei os olhos para melhor senti-lo. Disse-me, com uma voz que denunciava profunda e amorosa paz, “Aquiete a alma. O que vê na sua frente é um presente para servi-lo. Quando seu ímpeto o levar aonde não quiser, utilize-o para os convites que a Vida constantemente faz para construir o melhor. Quando quiser ajudar alguém cuide para não fazer o que a você agrada. Tempere sua vida com o gosto da alegria. Abra seu coração para o sentir, pois a vida acontece fora dos limites da lógica comum. Não lute contra seus instintos, eduque-os. Ame acima das convenções pois não há proprietários no território do bem-querer. Suavize sua conduta, evitando julgamentos e projeções. Não temas o mal e aprenda a percebê-lo em você. Liberte-se das prisões que o viciam, pois a liberdade é privilégio dos que sabem dizer não a si mesmos. Levante e esteja pronto para servir à Vida, sempre consciente de sua imortalidade.” Ante um prolongado silêncio, abri os olhos e percebi que a Natureza sorria no formato de ondas que refletiam o sol avermelhado, que se preparava para adormecer.

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